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Cinco Lições II - Queria não ter trabalho tanto!

Miguel Debiasi

Uma pessoa apta para o trabalho, mas em situação de desemprego, pode vir a perder o foco da vida. A falta de trabalho provoca uma desconstrução de sua identidade, abaixa a autoestima e afeta relações. O desempregado nunca é plenamente realizado. Quando a situação se prolongar por muito tempo, os problemas tendem a aumentar. O trabalho constrói identidade, autoestima, e proporciona felicidades.

A industrialização e a automatização do serviço são fatores que contribuíram para a redução da fadiga humana, mas ao mesmo tempo provocam aflição. A arte cinematográfica, espaço de reflexão e crítica, através de muitos filmes retrata bem essa situação. Lançado em 1948, Ladri di Biciclette, ou “Ladrões de Bicicleta”, de Vittorio De Sica, é um clássico italiano que aborda com profundidade esta realidade. Segundo críticos de cinema, é uma excelente produção neorrealista que retrata a sociedade através da dor de um desempregado. Antônio Ricci, desempregado, consegue uma vaga de colador de cartazes, mas exige-se ter uma bicicleta, bem que não possuía. Maria, sua esposa, empenha os lençóis da própria cama para adquirir tal bem. Num sábado, primeiro dia de trabalho de Antônio, a bicicleta lhe foi roubada enquanto colava cartazes. Desesperado, Antônio pede a ajuda do filho Bruno e da polícia, reúne amigos, mas nada de conseguir recuperar o bem furtado. As cenas do filme retratam uma situação de dor e angústia, o sofrimento da classe proletária que tenta vender aquilo que resta de suas vidas, a força de trabalho, trocada pela máquina. Hoje, essa problemática é abordada em uma farta  filmografia.

Para retomar o assunto do texto publicado anteriormente, proponho refletir sobre o segundo maior arrependimento dos pacientes terminais na lista da enfermeira Bronnie Ware: “Queria não ter trabalho tanto!”. Neste arrependimento comum, os doentes lamentam o excesso de trabalho que teve como consequência a perda de muitas coisas na vida. No decorrer da existência, fizeram escolhas que trabalharam contra e limitaram o processo e a percepção do fundamento da felicidade. É preciso reeducar a mente e agir de forma diferente, já que a medida com que os doentes avaliaram a importância do trabalho aponta nova vertente com novo pensamento: valorizar mais a vida e proporcionar-lhe dias mais felizes.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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