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Ano Santo da Misericórdia III

Miguel Debiasi

Este artigo conclui a reflexão sobre a iniciativa do Papa Francisco em fazer de 2016 o Ano Santo da Misericórdia. Já os ritos litúrgicos mais antigos convidam a rezar assim: “Senhor que dais a maior prova do Vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis”. Na compreensão teológica antiga Deus está sempre presente na história da humanidade como Aquele que é próximo, providente, santo e misericordioso. Hoje, a misericórdia é a palavra que descreve o Deus que age na história, porém, o desafio é viver esta experiência entre pessoas.

Nesta convicção de fé o Papa Francisco nos apresenta razões para viver o Ano Santo. A primeira razão está na escolha do lema do Ano Santo: “Misericordiosos como o Pai”. O papa motiva para seguir o ensinamento de Jesus, que diz: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). Há muita razão para crer nisto porque realmente o que pode aproximar homens e mulheres para Deus é o amor. A partir desta convicção, o Santo Padre tem destacado em quase todas suas motivações espirituais duas palavras fortes: amor e justiça. Crê que o amor divino pelo ser humano se realiza plenamente na misericórdia. E a justiça divina se realiza no encontro com o amor misericordioso de Deus.

O pontífice ressalta com muitas passagens bíblicas as razões para fazer a experiência da misericórdia. Entre tantas, destaca a da mulher pecadora que lava os pés de Jesus. Neste episódio Jesus demonstra-lhe o amor de Deus que lhe permite restabelecer a vida da mulher com dignidade. Francisco propõe também a meditação do Evangelho segundo Lucas, algumas parábolas principais e bem conhecidas que são a da ovelha perdida, a da moeda perdida e a do pai misericordioso com os filhos. Estas parábolas destacam que Deus Pai nunca se dá por vencido enquanto não tiver dissolvido o pecado e superado a recusa da compaixão e da misericórdia. O Evangelho de Jesus deixa claro que nenhum ser humano pode ser excluído da misericórdia de Deus. Pois, a misericórdia de Deus orienta para a felicidade entre as pessoas.

Então, a misericórdia de Deus encontra reflexo em muitas ações históricas da salvação, em que sua bondade prevalece sobre o pecado e as limitações humanas. Isto significa que em toda ação humana malfeita sobressai a grandeza do agir divino, como canta o salmista: “É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e ternura” (Sl 102 (103),3-4). O salmo 136 reza que “eterna é sua misericórdia”.

Na conclusão dos artigos sobre o Ano Santo, é fundamental dizer que a misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata, mas uma realidade concreta em que Deus revela seu amor por todas as pessoas. Então, a arquitrave que suporta a vida da Igreja e dos cristãos é a misericórdia, diz o Papa Francisco.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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