Acolhendo mágoas
Em determinado momento mergulhei no meu oceano mais profundo, e fui sentir as mágoas e as angústias que existiam ali... Sabia que para curar-me precisava retomá-las, remexendo-as até que fosse possível, para assim compreendê-las e ressignificá-las.
Tinha consciência que iria resgatar pedaço por pedaço do que não discernia muito bem, mas que soava como um abandono. Não sabia bem no que ia se tornar, mas precisava olhar para esse desamparo diferente do que enxergara outrora...transformando meu ser.
Chega um momento que não adianta mais suposições. O grito preso na garganta encontra maneiras de sair. Observava as pessoas e percebia que se mostravam passivas diante da dor que sentiam. Me questionava quantas dores precisaram sentir para saber que não queriam mais senti-las? De tanto reprimir “a dor” de outrora ela se transformava num vulcão, que era só cutucar para que destruísse uma cidade com suas larvas amargas, intranquilas, pesadas, insanas. Percebia que as mágoas estavam em mim e no outro, passando por constantes transformações.
Olhar a intranquilidade vivida me remetia a mexer, até que fosse preciso, para serenar sentimentos desafiadores delirantes e prepotentes que ainda ali existiam.
Coerente agora, dentro de mim me sentia...
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