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Subsídios Exegéticos, Liturgia Dominical - Ano B

por João Romanini

10º Domingo do Tempo Comum Dia: 06 de Junho de 2021

Foto: Divulgação

 

10º Domingo do Tempo Comum

Dia: 06 de Junho de 2021

Primeira Leitura: Gn 3,9-15

Salmo: 129 (130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R. 7)

Segunda Leitura: 2Cor 4,13-5,1

Evangelho: Mc 3,20-35

 

Evangelho

O texto, como também o relato da filha de Jairo (Mc 5,21-43), vem na forma de sanduíche. Começa com o confronto com parentes (20-21), intercala o conflito com os escribas (22-30) e volta a falar dos parentes (31-35).

Para a compreensão do texto convém começar com a contraposição dos de dentro da casa que ouvem Jesus (v.20) e os de fora (v.31ss) que não ouvem. Os de dentro compreendem, os de fora, não (Mc 4,11). O povo simples entra na casa, como já o fizera em Mc 2,1ss para ouvi-lo, mas os consanguíneos ficam de fora e o julgam sem juízo. A lógica do Reino não é compreendida pelos laços familiares, mas por aqueles que acolhem Jesus e fazem a vontade do Pai que ele revela.

A nova família difere da velha. Na primeira importa a descendência de Abraão: laços sanguíneos. Na segunda, o que importa é aproximar-se de Jesus e fazer a vontade de Deus. Os da nova família, entram dentro da casa e se aglomeram para ouvir sem os critérios da oficialidade religiosa. Estão ávidos de assimilar a Boa Nova. Os da velha família de sangue, ficam fora, distantes, pois julgam a prática de Jesus como loucura. Qualquer semelhança com os irmãos da parábola do filho pródigo (Lc 15,11ss) não é mera coincidência. O filho mais velho, o que pratica a Lei, tem dificuldades diante da Boa Nova de Jesus que revela um Deus diferente daquele da religião oficial. Diante desta realidade, formam-se outras relações: nova família. Nesta não se entra por descendência, mas tão somente pela acolhida de Jesus e de seu evangelho.

O conflito com os escribas (22-30) é mais uma vez o conflito com a oficialidade religiosa. Para eles, a Boa Nova (Mc 1,1) destinada aos pobres e excluídos (cf. Lc 4,18-19) é um escândalo, por isto, atribuem-na a Beelzebu (Beel é uma variante de Baal, deus cananeu). Quando a Boa Nova da libertação dos sofredores é encarada como obra do diabo, então a pessoa que assim procede, cortou o canal de graça que vem de Deus por seu Filho que age no Espírito Santo (Mc 1,10). Isto é um pecado contra a ação do Espírito Santo que se manifesta em Jesus. Pecado este, que não tem perdão. Isto não significa que, quem uma vez assim pecou está irremediavelmente condenado ao inferno. O que o texto quer dizer é que todos os pecados que se cometa, podem ser vistos como lapsos, fraquezas e por isto mesmo, passíveis de perdão. Quem, porém, se fechar contra a Boa Nova de Jesus e atribuir isto ao demônio, a não ser que mude, rompeu com a graça, isto a lógica do Reino. Esta pessoa se auto exclui, e assim não chega ao perdão. Note-se que, neste caso não é Deus que condena, é a pessoa que se fecha ao amor de Deus.

Na resposta que Jesus dá aos escribas sobre entrar na casa do homem forte, amarrá-lo e saquear seus bens (v.27) está o ensino de que Jesus entra na posse do diabo (homem forte) e como mais forte do que ele, amarra-o e o vence (cf. Is 49,24s), como também o dirá em Jo 12,31 e 16,11, quando o príncipe deste mundo será derrotado: “eu venci o mundo” (Jo 16,33b). Ou seja, Jesus, na cruz, destruiu o que o demônio havia amealhado.

A Boa Nova de Jesus (Mc 1,1) é incompreendida, tanto pela parentela que quer detê-lo - nota apenas trazida por Marcos - como pelos escribas que, mais do que incompreendê-lo, atribuem sua ação ao demônio.

Reação com as demais leituras

Não entrar na lógica de Deus já foi um problema nas origens. Adão e Eva queriam prescindir de Deus, como os escribas queriam prescindir da Boa Nova de Deus revelado por Jesus. Isto leva à ruína (primeira leitura). A nova lógica de Jesus também se reflete na reflexão de Paulo quando contrapõem o homem exterior ao interior e nele vê a realização das esperanças cristãs.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

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