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Subsídios exegéticos para o 1º Domingo do Advento

por João Carlos Romanini

Liturgia dominical – ano B domingo 29 de novembro de 2020

Foto: Divulgação

Subsídios exegéticos para o 1º Domingo do Advento

 

Liturgia dominical – ano B

 

1º Domingo do Advento

Dia: 29 de novembro de 2020

Primeira Leitura: Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7

Salmo: 79,2ac.3b.15-16.18-19

Segunda Leitura: 1 Cor 1,3-9

Evangelho: Mc 13,33-37

 

O Evangelho

Neste domingo, iniciamos um novo Ano Litúrgico, o chamado ano “B”. com ele abre-se também um novo Tempo Litúrgico. Estamos no Tempo do Advento. Tempo de espera e vigilância para a vinda do Salvador.

A porta de entrada para este novo tempo é o capítulo 13 de Marcos, conhecido como “Discurso escatológico”. O trecho do evangelho de hoje está na terceira parte desse discurso escatológico e quer nos exortar à vigilância e a não ceder à irresponsabilidade.

Os versículos de hoje (vv. 32-37) centram-se na impossibilidade de se conhecer antecipadamente o kairós, isto é, o momento exato em que acontecerão os episódios narrados no capítulo 13.

Às perguntas “Como? Quando? Onde?”, o v. 32 responde com uma incrível clareza, para que ninguém fique em dúvida: “Ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho”. O Pai sabe, mas ele não contou para ninguém! Por isso, o convite a estar atento e a vigiar é repetido várias vezes no capítulo 13 de Marcos: vv. 5.9.23.32.33.35.37.

Os vv. 33-37 são apenas as consequências práticas dessa impossibilidade de se saber o kairós. A divisão da noite em quatro partes – tarde, meia-noite, cantar do galo, amanhecer – corresponde às quatro vigílias da noite para os soldados romanos, e serve para reforçar a necessidade de estar sempre alerta.

Importante é notar que Jesus se refere aos discípulos como servos a quem são dadas autoridades e tarefas especificas. Entre elas, destaca-se a do porteiro, que deve vigiar. Ora, “vigiar” é exatamente a ocupação do porteiro. Igualmente as tarefas deixadas aos outros servos: não é nada mais do que a obrigação de fazerem exatamente aquilo para o qual foram contratados. Ou seja, “vigiar”! Em outras palavras, assumir com decisão a própria vida, pois não se sabe quando chegará o Senhor da casa. Por isso, Jesus convida a comunidade a viver com “olhos abertos” para discernir os acontecimentos presentes. A vinda do Senhor não tem nada a ver com triunfalismo e sim com a prática das comunidades em defesa da vida.

Por essa razão, no v. 37, Jesus afirma: “O que digo a vós, digo a todos: ‘Vigiai!’”. Deve-se, pois perguntar: A quem Jesus faz essa recomendação, isto é, quem é o “vós”? E quem são “todos”?

O “vós” refere-se aos discípulos de Jesus, que no relato estão ouvindo seu discurso. O “todos” refere-se, em primeiro lugar, à comunidade de Marcos, uma comunidade que vivia na ansiosa espera da volta de Jesus. Mas refere-se também aos demais leitores do Evangelho, não só os contemporâneos do evangelista, mas também todos os que viriam depois. É como se o Jesus de Marcos, olhando e falando para os discípulos que aparecem junto a ele nesta cena, desse uma indireta bem direta a todos os cristãos, mesmo àqueles que não pertencem à comunidade de Marcos.

Relacionando com as outras leiturs

A primeira leitura pertence à terceira parte do livro de Isaías, também chamada de “Trito-Isaías”, na qual encontram-se profecias anônimas, do tempo do pós-exílio. A profecia deste período recorda e atualiza antigas verdades ou infunde novas esperanças. Em momentos de desânimo, em meio a tantas ruínas, o Trito-Isaías quer alimentar a fé do povo em um futuro melhor. A ideia central é que Deus não abandonará Israel, mas, ao contrário, manifestará sua salvação e dará a vitória ao seu povo.

A leitura de hoje chama Deus de “pai” e “redentor/resgatador” (v. 16). É uma das raras vezes em que, no Antigo Testamento, Deus é chamado de “pai” do povo: o título exprime relação de intimidade e de confiança. Nessa mesma linha, vai o título “redentor/resgatador”. Em hebraico, este título se diz go’el. O redentor/resgatador era o parente mais próximo que tinha vários encargos: vingar o sangue do irmão ou primo assassinado; casar-se com a viúva do irmão ou do primo, que morreu sem deixar descendência; pagar uma dívida para tirar um parente da escravidão. Chamar a Deus de “redentor/resgatador” significa afirmar que Deus defende e liberta seu povo Israel, mas também garante que Israel tenha uma descendência, isto é, um futuro.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

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