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Subsídios para a liturgia dominical 7º Domingo Comum

por João Carlos Romanini

liturgia para o domingo 23 de fevereiro 2019 Ano A

Foto: Divulgação

Subsídios Exegéticos para a Liturgia Dominical - Ano A

 

7° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Evangelho:  Mt 5,38-48

Primeira Leitura:  Lv 19,1-2.17-18

Segunda  Leitura:  1Cor 3,16-23

Salmo:  103,1-4.8.10.12-13 (R.8ª)

 

O Evangelho - Mt 5,38-48

O texto faz parte do Sermão da Montanha (Mt 5-7). Para uma melhor compreensão da perícope da liturgia de hoje, é preciso analisar a partir de Mt 5,17ss onde Jesus começa a falar sobre a interpretação da Lei do AT. Como chave da compreensão, serve Mt 5,20: “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos céus”. A partir disto convém verificar uma frase repetida na unidade: “Aprendestes o que foi dito aos antigos (justiça dos escribas e fariseus)... eu, porém vos digo (nova justiça)...” (Mt 5,21.27.31.33.38.43). No AT foram estabelecidas leis em vista da justiça de Deus, porém, estas leis eram incipientes, pois ainda não havia chegado a plenitude da revelação, que é Jesus (Hb 1,1ss; Gl 4,1ss). Os fariseus e escribas eram rígidos ao extremo na observância das leis, caindo no casuísmo. Jesus, com sua autoridade, não escamoteia as leis (Mt 5,17), mas lhes dá um novo sentido: “eu, porém, vos digo...” Aqui repousa a autoridade de Jesus, que se coloca acima da Lei antiga. Jesus é maior do que as antigas realidades (Mt 12,6.8.42). Para ele, o que importa, não é a letra da lei (cf. 2Cor 3,6), mas o espirito da lei, isto é, a justiça e o amor. Por isto mesmo, o discípulo deve ir além da letra da Lei. Não importam listas de leis exteriores, mas princípios que brotam da opção fundamental do fiel a Deus e a seu reino (cf. Mt 15,1ss). A partir desta introdução pode-se ler os dois exemplos acima citados: olho por olho (vv.38-42) e amor aos inimigos (vv.43-48) que ilustram esta nova justiça.

A lei de talião (Ex 21,23-25) era uma tentativa de frear a violência, pois naquele tempo se vingava sete vezes (cf. Gn 4,23-24).  Neste contexto, quando alguém matasse, os parentes do morto matavam sete membros da família do assassino. Diante disto a lei de talião foi um avanço, pois impedia o extermínio de famílias inteiras. Como, porém, a nova justiça trazida por Jesus é a plenitude da revelação, ela não pode se contentar com o que se ensinou no Ex 21,23-25.  A nova justiça não só não aceita vingança, como pede para quebrar a lógica da vingança, abdicando completamente da violência. O amor cristão é a total ausência de violência e a gratuidade para com bons e maus.

O amor aos inimigos (vv.43-48) traz novidade universal. No AT também se falava do amor ao próximo, inclusive a renúncia à vingança, que pode ser entendida como amor aos inimigos (Lv 19,17-18), mas nenhum mandamento pede para odiar os inimigos. Porém, em Qumram se ordena amar os filhos da luz e odiar os filhos das trevas. Assim, a interpretação que os escribas e fariseus faziam de Lv 19,17ss era um amor só entendido aos conterrâneos. Nenhum estrangeiro recebia este amor, menos ainda se fosse mau. Era amor aos compatriotas, somente. O amor, como entendido no AT, era limitado e interesseiro. Não era gratuito. A nova justiça que supera aquela dos escribas e fariseus, é incondicional, gratuito. O motivo deste amor é o amor do Pai que é gratuito, tanto para bons e maus. O Pai, em seu infinito amor, não faz distinção entre bons e maus, por isto também o discípulo, em seu amor deve refletir o amor do Pai. Assim, no amor dos discípulos, está o reflexo do amor de Deus (1Jo 4,7ss).

Relação com Lv 19,1-2.1718

Também no Levítico a santidade das pessoas é reflexo da santidade de Deus: “Sede santos, porque eu, Javé,... sou santo” (Lv 19,2). Mas a esta altura o povo fiel ainda não conhecia o verdadeiro rosto de Deus. Julgava que Deus só amava o povo de Israel. Assim sendo, seu amor, reflexo da santidade de Deus era apenas ad intra. Jesus revelou o verdadeiro rosto de Deus, aquele que ama bons e maus. Por isto o amor ensinado por Jesus também se estende a todos, indistintamente. Portanto, a justiça do Reino supera a justiça dos fariseus e escribas que tinham uma imagem distorcida de Deus. Só quem conhece o Deus revelado por Jesus pode entender esta nova forma de amar.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCNA

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Este texto pode ser compartilhado e reproduzido com a devida indicação dos autores.

 

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