Regional Sul 3 da CNBB reúne bispos e provincias em São Leopoldo
Na manhã desta quarta-feira, 07, bispos e provinciais das congregações masculinas e femininas presentes no Rio Grande do Sul tiveram um diálogo de mãos dadas, no Centro de Espiritualidade Cristo Rei
Foto: Judinei Vanzetto
Na manhã desta quarta-feira, 07, cerca de 100 religiosos, entre bispos e provinciais das congregações masculinas e femininas, do Rio Grande do Sul estiveram reunidos para "um diálogo de mãos dadas", no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS). Na celebração de abertura foi dado destaque aos 60 anos da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB/RS).
Na ocasião, a presidente da CRB/RS, Ir. Paula Schneider, FPCC, lembrou que os religiosos estão presentes na vida das pessoas mais empobrecidas e isso é o que a CRB/RS celebra nestes 60 anos no Rio Grande do Sul. “Uma coisa é desenvolver um projeto e outra coisa é viver com os mais pobres. O povo nos quer lá entre eles”, frisou.
O vice-presidente do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo de Erexim, dom José Gislon, apresentou os temas tratados na última Assembleia Geral da CNBB e destacou a importância das escolas católicas, os 300 anos de Aparecida como um marco nas diretrizes da Igreja do Brasil. Lembrou as associações de fiéis e novas comunidades que estão presentes nos lugares aonde a Instituição não alcança. “É uma forma diferente de serviço prestado pela Igreja, sobretudo, nos lugares aonde a Instituição não chega. São respostas do Espírito Santo nos nossos dias, mas que precisam de uma sólida formação cristã para cumprir sua vocação e missão”, frisou.
Dom Gislon mencionou a preocupação da Igreja na formação de Ministros da Palavra para atender as comunidades que não tem pessoas preparadas para conduzir a celebração. É um olhar da Igreja que culminará num documento em 2018. Esta realidade é muito presente na região Amazônica.
Outra preocupação da Igreja é a necessidade de conduzir as pessoas a uma experiência pessoal com Cristo. Para isso há o projeto da Iniciação à Vida Cristã que vai além da catequese e busca atingir a todos os membros da comunidade. “Para isso se conta com a presença da vida consagrada, sobretudo, naquelas realidades mais fragilizadas de nosso povo”, solicitou dom Gislon.
CRB/RS missionária
A presença dos religiosos no Haiti é uma marca do Evangelho. A CRB tem um testemunho muito forte no atendimento dos mais abandonados. Dom Gislon falou sobre projeto Missionário do Regional Sul 2 que envolveu desde de crianças até os adultos em prol da missão em Guiné-Bissau. “A vida religiosa percorre um grande caminho dentro e fora do país, mas que passa por desafios com a diminuição de membros, porém continua sendo um grande testemunho e esperança para a Igreja”, testemunhou dom Gislon.
Ir. Paula comentou sobre o grande número de religiosos de congregações do Sul que enviaram e enviam missionários e missionárias para outras regiões do Brasil e do mundo. “Quando estes membros retornam após anos de trabalho, voltam doentes, cansados e com necessidade de amplo cuidado com a saúde e são as congregações que assumem o cuidado para aqueles e aquelas que doaram sua vida na missão”.
Realidade dos religiosos
O arcebispo Metropolitano de Porto Alegre e presidente do Regional Sul 3 da CNBB, dom Jaime Spengler, apresentou alguns ninais de preocupação com a vida religiosa e a animação vocacional. Nos últimos sete anos dados apontam que cerca de 13 mil religiosos abandonaram as congregações e o Brasil está em primeiro lugar nas desistências.
Segundo dom Jaime, as causas são as mais diversas e estão relacionadas à vida fraterna, afetividade e crise pessoal. Há quatro tipologias de pessoas que deixam a vida religiosa. “Aquelas pessoas que depois de um sério processo de discernimento e responsabilidade e pedem para sair. Outras que nunca deveriam ter deixado a vida consagrada. Outras deixam pela absoluta falta de vocação e aquelas que permanecem não conseguem superar situações de crises”, explicou Spengler.
Explicou ainda que nem todos os abandonos sejam consequências de infidelidades, mas há carência de discernimento desde os primeiros passos até a consagração definitiva. Ainda, segundo dom Jaime, existem seis pontos que devem ser levados em consideração na vida do ser humano: “O medo de compromissos, a necessidade de dar respostas a perguntas existenciais, a sociedade liquida e a cultura de opções transitórias”, comentou dom Jaime.
Hoje há a necessidade de clarificar a identidade da vida consagrada a partir do Vaticano II e encarnar a vida. Sugeriu dom Jaime que a vida religiosa seja apresentada de modo positivo e sem ocultar suas exigências. “Apresentar a vida fraterna na sua beleza e exigência. Receber e oferecer uma formação apropriada aos dias atuais. A partir do Evangelho e inculturada em vista da fidelidade para uma afetividade sã e fecunda”, sugeriu.
Também dom Jaime chamou à atenção que se dê mais importância a direção espiritual e a Jesus Cristo ao Invés de acentuar o trabalho do psicólogo e concluiu com uma mensagem do Papa Francisco: “Todas as formas de vida consagrada, cada uma segundo as suas características, são chamadas a estarem em estado permanente de missão, compartilhando «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, dos pobres, sobretudo, e de todos os que sofrem”, concluiu o prelado.
Por Judinei Vanzeto – Assessor de Imprensa – Regional Sul 3 da CNB
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