Há dez anos prestando serviços aos animais de Soledade, a Associação de Proteção aos Animais de Soledade, a Apas, anunciou o fim das atividades da ONG no município.

Em conversa com a reportagem da Rádio Cristal, a presidente da entidade, Paula Triches e a diretora social, Maria Alvina Brum, falaram da tristeza deste anúncio.

De acordo com Maria Alvina Brum, há dez anos a Apas começava suas atividades com cerca de 30 pessoas destinadas a ajudar a causa animal. Hoje em dia, se resumem a seis que têm a incumbência de decidir como a entidade pagará os R$ 6 mil de custos mensais, recebendo R$ 3.204,00 de incentivo municipal.

O dinheiro que falta é arrecadado em atividades como o brechó, pedágio e até mesmo do bolso das integrantes que, pela causa animal, dedicam de seu tempo àqueles animaizinhos que não tem quem por eles zelar.

A presidente Paula Triches afirmou que o maior sonho da Apas se tornou o seu maior pesadelo: o abrigo. Com um gasto exorbitante e pouco incentivo, seja financeiro ou moral, não há condição de manter as atividades no local, e por isso, há tempos não estão sendo levados novos animais para o local.

Os cerca de trinta cachorros que lá permanecem, tratados como 'especiais', deverão ser doados até o mês de outubro, data final de atividades da Organização Não-Governamental.

Alguns dos animais 'especiais' têm limitações físicas, ou estão idosos, ou possuem problemas visuais. Segundo a entidade, a doação seria um fim digno para a entidade e também para os bichinhos.

O motivo financeiro foi preponderante na decisão pelo fechamento, no entanto, não foi o único. A falta de conscientização da população em ajudar e fazer a sua parte, também desanimou as voluntárias.

"Tem pessoas que acham que simplesmente ligar para a Apas e avisar que um animalzinho está na rua, é o suficiente. É importante, mas não é tudo", declarou Maria Alvina Brum.

O apelo por políticas públicas para a castração animal e o fim de proliferação de cachorros de rua, em especial, sem sucesso, desesperançou ainda mais os membros da entidade.

Por isso, a Apas pensou em um último brechó de doação de animais, que deverá ser realizado no dia 24 de junho na Praça Cândido Carneiro Junior em parceria com a Coagrisol, onde os últimos animaizinhos a serem doados serão expostos.

"A gente se entristece demais pelos animais de rua que não terão por quem olhar", enfatizou a presidente Paula Triches.

Quando começou suas atividades, sem despesas com o abrigo, em 2007, a Apas recebia R$ 2 mil de incentivo municipal. Em 2017, a entidade recebe mensalmente R$ 3,2 mil.

Emocionadas, ambas as integrantes da Apas afirmaram que não era o fim que desejavam para a entidade, contudo, a decisão já foi tomada no fim do ano de 2016, porém, todas as tratativas para o não fechamento foram tentadas, sem sucesso.