"2016 será marcado pelo meu segundo aniversário, um renascimento", assim destaca Jovane Gonçalves Batista, 17 anos, que foi atropelado no dia 21 de outubro quando atravessava a BR-386 no perímetro urbano de Soledade com sua bicicleta e foi atingido por uma carreta que passava pelo trecho.

Jovane foi socorrido por uma equipe do Samu de Soledade e encaminhado para o Hospital Frei Clemente ainda consciente, entretanto, somente no transporte para Passo Fundo as reais consequências foram vistas quando Jovane teve um ataque vascular cerebral (AVC) proveniente de um traumatismo craniano.

O jovem soledadense ficou três dias em coma induzido e oito dias sem apresentar nenhuma reação aos medicamentos controlados pela equipe médica do Hospital da Cidade. Somente no nono dia, Jovane abriu um dos olhos e sorriu para sua mãe, agarrando sua mão com força como quem diz, "eu estou aqui".

"Foram dias difíceis", destaca Neusa Gonçalves Batista, mãe de Jovane, que agora, não sai de perto de seu filho. O pai, João Maria Batista estava em Cruz Alta no momento do acidente e de prontidão, foi até a rodoviária do município cruz-altense esperando o próximo ônibus direto para Passo Fundo, onde Jovane encontrava-se.

"Primeiro, no hospital aqui de Soledade a Suzana (filha de João, irmã de Jovane) disse que ele estava bem e consciente, aí não me preocupei. Uma hora depois, ela me ligou e disse que ele estava em coma em Passo Fundo, fiquei desesperado para ver ele novamente", pontua João Maria, que trabalha como pedreiro em obras "aqui e acolá", segundo ele.

De família humilde, Jovane teve auxílio da comunidade soledadense e a a fé foi crucial para a família que junto com amigos conseguiu custear os tratamentos e exames. Inclusive, com a ajuda do Rotary Club de Soledade conseguiu uma cadeira de rodas para Jovane nos primeiros dias pós-alta.

Jovane acredita que nasceu de novo e que agora, reconhece o verdadeiro valor de família. "Eu saía demais, 18h já 'tava' na rua. Agora eu quero passar mais tempo com os meus pais, sentar e conversar com eles. Depois do que eles fizeram por mim... não quero estar longe", conta Jovane emocionado e abraçando seus pais que o ajudam a superar esse momento difícil.

O jovem caminha ainda com dificuldades e sente muitas dores na região da bacia que felizmente não foi afetada, no início até se cogitava a possibilidade de Jovane não andar mais, entretanto, seu quadro surpreendeu os médicos passo-fundenses.

Com remédios controlados, Jovane sente saudades de sair de casa, ver os amigos e se divertir, mas diz que não substituiria estar com sua família por nada no mundo.  Para 2017, ele acredita que o ano prometerá muito com mais presença no seu lar.

A partir de agora, a família espera que tudo melhore e que os momentos de tensão passados em 2016, sejam encarados como formas de comemoração no próximo ano.