Municípios estimam R$10 milhões para mitigar falta de água devido à estiagem
A área Técnica da Famurs monitora evolução da estiagem e perdas na agricultura e pecuária com base nos dados informados pelas prefeituras no S2ID e aponta que prejuízos podem chegar a R$56 bilhões
A estiagem já levou mais de 40% dos municípios gaúchos a declararem situação de emergência no ciclo hidrológico 2022/2023. De acordo com a atualização dos dados dos órgãos de Defesa Civil nesta segunda-feira, dia 30/01, 212 prefeituras noticiaram declaração de Situação de Emergência diante da escassez hídrica.
Parte destes municípios informaram ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres S2ID do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional estimativas de perdas econômicas que alcançam mais de R$5,6 bi, somando perdas na agropecuária de R$4,3 bi e R$1,3 bi na pecuária. Embora sejam dados preliminares, que mudam rapidamente, e que não englobam a totalidade dos municípios que decretaram situação de emergência, os números apontam o grande impacto econômico que a estiagem provoca no RS.
A implicação social na vida dos gaúchos é sentida pela falta de acesso à água. A estimativa atualizada de gastos dos municípios com transporte de água é de R$10,6 milhões, pleiteados junto ao governo federal, recurso para ser utilizado para a locação e abastecimento de caminhões pipa e aquisição de reservatórios de água.
Para o presidente da Famurs, Paulinho Salerno, a Famurs tem buscado agilizar junto ao Estado a concretização dos convênios do Programa Avançar para a construção de cisternas, perfuração de poços e abertura de microaçudes nos municípios, que visam reduzir os efeitos cíclicos que a La Niña impõe aos nossos produtores. “Precisamos modernizar as políticas públicas de mitigação dos efeitos dos períodos de estiagem, cada vez mais frequentes e intensos, por meio da criação de uma plataforma para operacionalizar os programas e de linhas de crédito para sistemas de reservação de água e irrigação”, defendeu Salerno.
A Área Técnica de Agricultura da Famurs também elaborou, com base na estimativa de produção do IBGE divulgada em dezembro e considerando o relato dos municípios referentes à diminuição hídrica, uma projeção de perdas na produção das diferentes culturas agrícolas do estado. A produção esperada para soja era de 21.3 milhões de toneladas, isso se o período entre o plantio e a colheita observasse condições de chuva normais, mas calculando com base em uma diminuição hídrica 20% menor, a estimativa de queda na produção chega a cerca de R$12 bi.
O milho é uma cultura mais sensível à falta de chuva, resultando em perdas maiores, de até 40%. Diante de uma safra estimada em 5.8 milhões de toneladas, a redução pode atingir a cifra aproximada de R$3 bilhões. Com amplo uso da irrigação, o arroz deve ser a cultura que menos deve oscilar, mesmo com o clima adverso. Ainda assim, calcula-se uma quebra de 10%, que pode totalizar R$1,2 bi de prejuízo para os produtores.
Em relação à pecuária, ao observar a estimativa de perdas de R$ 1.4 bi em 129 dos 222 municípios que já relataram danos na safra, a assessoria da Famurs prevê, ponderando com base em uma média dessas perdas já informadas os possíveis danos sobre os municípios ainda sem dados, prejuízos certamente superiores a R$ 2,1 bi. Essas perdas somadas chegam a R$ 18,7 bi. No entanto, o impacto econômico precisa considerar que a agricultura é a base de uma cadeia comercial, portanto, uma avaliação precisa considerar o fatos multiplicador de reflexo. Em geral, para cada real não gasto, triplica-se a perda, assim teremos a soma bilionária de perda de produção e circulação de recursos na ordem de R$56 bilhões.
Os dados são monitorados pela Área Técnica de Agricultura da Famurs com base nos dados informados pelos municípios ao S2ID e aos órgãos de Defesa Civil, incluindo estimativas de prejuízos diante da seca.
Com informações: Fernando Kopper - Tua Rádio Cristal
Fonte: FAMURS
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