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Voto pelos meus (III)

Miguel Debiasi

Com este texto encerro os comentários sobre a votação de 17 de abril pela cassação da presidente Dilma, abordando a repercussão do fato pelo mundo nos principais meios de comunicação. Trata-se da verificação de algumas manchetes sobre a posição do mundo no processo de impeachment.

A primeira manchete é de jornal online e do colunista Jeferson Miola, do jornal 247: "na guerra pela verdade, como não contam com uma Rede Globo mundial, os golpistas estão perdendo; e estão perdendo de goleada”. Quanto às manchetes internacionais, dos jornais mais lidos como: The Economist, Guardian, El país, Le monde, Financial Times, Reuters “dizem que é golpe”; Wall Street Journal, Washington Post, El País, Le Parisien, Irish Times, New York Times, Pravda, Granma “também dizem que é golpe”; La Nación, La diaria, El observador, Clarín “dizem é golpe”; Al Jazeera, Fox News Latina, CNN e outras dizem o mesmo: “é um golpe de Estado". Como se pode verificar nenhum se posicionou a favor do processo de impeachment.

Visto o que pensa o mundo, sabe-se que o domingo dia 17 de abril prossegue nos dias seguintes em chacotas internacionais. Por tudo isto, o povo brasileiro não pode ser culpado por ter ocupado as ruas e por ter escolhido seu lado. A responsabilidade pela instabilidade política do país é façanha dos parlamentares da Câmara e Senado Federal. Alguns deputados tiveram o luxo de usar jatinho particular pago pelos empresários para votarem contra a presidenta. E mais, para bradar o espírito nacionalista, uns portavam a bandeira do Brasil, outros lenços no pescoço. Se não bastasse, uns recitavam frase de torturadores. É impossível defender o indefensável. Isto é, estes nunca irão respeitar a democracia e respeitar a legitimidade das urnas. Seus mandatos estão comprometidos com os financiadores de suas campanhas.

Por tudo que se viu e ouviu, é impossível acreditar que vão defender os interesses coletivos. Fizeram do Brasil a república da banana. Vê-se o vice-presidente conspirando com o golpe de Estado. Alguém poderia acreditar nestes atores políticos? É verdade que os honestos cidadãos que apostam na democracia se envergonham e os corruptos cantam vitória.

Em todo caso, a admissibilidade do impeachment representa um problema colocado para o governo, pior para a oposição e quem perde é o povo brasileiro. O problema é sério demais para ficar à distância. Boa parte dos deputados e senadores está envolvida com corrupção. Contudo, para construir à esperança na justiça social e para ter ética na politica defender a democracia é legítimo e corroboram. As orações também ajudam para esta conquista.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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