Outra ação é possível
O modernismo é um movimento religioso que apareceu na França no início do século XX e que foi condenado pelo papa Pio X, com a encíclica Pascendi Dominici Gregis - Alimentação do Rebanho, publicada em 08 de setembro de 1907. O subtítulo da encíclica diz: Carta Encíclica do Papa Pio X sobre os erros do modernismo. Com o documento o Papa condena o modernismo católico, considerado uma heresia, pois conjugava evolucionismo, relativismo, cientificismo e psicologismo. Para tanto, o papa formulou o “juramento antimodernista” obrigatório para todos bispos, padres e catequistas. Essa postura demonstra à dificuldade da Igreja articular-se enquanto ideia e conexão com a modernidade. A relação modernidade x Igreja é algo ainda não bem resolvida em nosso tempo.
O movimento filosófico o modernismo está ligado à filosofia da ação e ao método da imanência do filosofo francês Maurice Blondel (1861-1949). Com base na filosofia do espiritualismo Blondel desenvolveu a filosofia da ação com elementos do pragmatismo moderno no contexto da filosofia cristã. A filosofia da ação também é uma filosofia religiosa que estabelece a consciência para uma ação ou para uma vontade de ação. Blondel é considerado o maior representante da filosofia da ação que exerce uma escuta e descrição da vida da consciência. A consciência do filósofo da ação não meramente contemplação teórica, mas muito mais vontade e ação. O movimento filosófico, o espiritualismo estabelece a consciência como a base da filosofia da religião e que tem forte influência na filosofia da ação.
O fundador da filosofia da ação foi o filósofo inglês John Henry Newman (1801-1890); anglicano de origem que se converteu ao catolicismo em 1845 e tornou-se cardeal em 1879. Newman foi beatificado no dia 19 de setembro de 2010, pelo papa Bento XVI e posteriormente canonizado pelo papa Francisco em 13 de outubro de 2019. Newman sustentava quando uma ideia é verdadeiramente viva, ela não é pura e simples questão intelectual, mas ele envolve uma vontade humana. Para Newman o cristianismo é precisamente aquela grande ideia que conquistou a humanidade e continua a plasmá-la em seu desenvolvimento. O seu mestre francês católico Léon Ollé-Laprune (1830-1899), defensor da filosofia da ação, escreve que as forças do intelecto sustenta as forças aplicadas e atentas. Em suma, a boa vontade influencia a discussão e ação humana.
Quanto ao juramento antimodernista foi abolido em 1967, pelo Papa Paulo VI propondo atualização da Igreja através de novas formas de pensamento teológico dinamizando a teologia católica. Pela sua postura de diálogo com a modernidade e com cultura secular o papa Paulo VI é tido como um exemplo de modernista pelos católicos tradicionalistas que se opuseram ao Concílio Vaticano II que propôs um novo aggiornamento ou a atualização da Igreja. O filósofo Blondel em sua obra A ação. Ensaio de um crítica da vida e de uma ciência da prática, diz que “devemos tomar consciência de que é preciso transportar para a ação o centro da filosofia, já que lá se encontra também o centro da vida”. A vida humana não é tanto tipificada pela razão, mais precisamente pela ação. Na vida a ação é um fato. O agir expressa o sentido mais profundo da vida, da vontade humana.
Um governo tem ou não tem sentido? O governo tem ou não uma ação a ser executada? O governo precisa ou não precisa agir de forma eficiente? Todo governo deveria ser gerenciado por ações eficazes para vida do cidadão e para o desenvolvimento do Estado, enquanto organismo de poder político e estrutura de prestação de serviços públicos. Para cumprir esta função, obviamente, que as privatizações são péssimas ações do governo e ótimas para os investidores que adquirem uma empresa, uma estrutura, um negócio muito abaixo do preço real. No Rio Grande do Sul foram poucos os governos que não privatizaram e inclusive pagaram as contas em dia, aumentaram os salários dos servidores, melhoraram os serviços públicos e agregaram ao Estado outras novas empresas públicas. Com os governos Lula e Dilma, o Brasil criou 127 mil novas fábricas, catorze milhões de novos postos de trabalho e outros benefícios socioeconômicos que beneficiariam a população inteira.
A partir do golpe parlamentar de 2016, até 17 indústrias fecham as portas por dia no Brasil. Nos últimos cincos anos já são 36 mil fechadas, como mostra o levantamento da CNC, Folha de São Paulo, realizado em abril. No cenário do governo nacional e estadual vislumbra-se essa situação, despertando na consciência dos cidadãos que outra ação política é possível, aquela que resolve os problemas do Estado e dos seus cidadãos.
Comentários