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Combata o racismo (I)

Miguel Debiasi

Apesar das intensas campanhas de conscientização, o racismo continua fazendo vítimas pelo mundo. Pessoas, sobretudo negras, pobres, minorias, são agredidas, injuriadas por causa da cor da pele, da situação social, da nacionalidade. O preconceito e a discriminação são um verdadeiro absurdo e afronta à civilização do século XXI. Combater o racismo é tarefa de hoje.

O racismo é definido como um preconceito e uma discriminação com base em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre raças humanas. Uma pessoa que pratica atos de racismo se considera superior entre as raças com base na diferença da cor da pele, de classe social, ou até de práticas, crenças e de sistema político. Para estes, ao considerar que as raças humanas são diferentes, as pessoas também precisam ser tratadas de forma distinta ou inferiorizadas. Em contrapartida, as ciências da sociologia e psicologia advertem que o comportamento humano não está ligado à cor de pele, mas, sim, à cultura. Isto significa dizer que o racismo é uma forma maligna e consciente de discriminação.

Ainda que o racismo seja um fenômeno cultural que tem atravessado a história da civilização desde seus primórdios, precisa ser refutado. Normalmente, manifesta-se como um preconceito aliado ao poder e apoiado por poderes, sejam políticos, econômicos ou sócio-culturais. O foco de racismo geralmente parte dos brancos e de sua forma de observarem as diferenças entre as raças. Segundo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU), não há distinção entre os termos “discriminação racial” e “discriminação étnica”. Ou seja, a superioridade baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa. Além do mais, não há razão para a discriminação racial, em teoria ou na prática, em qualquer lugar do mundo.

Como é sabido, a história da colonização foi uma força motriz para o tráfico transatlântico de escravos baseado na segregação racial. Do mesmo modo, o racismo tem sido a base política e ideológica de genocídios ao redor do planeta, como por exemplo, o Holocausto e, em contextos coloniais, os ciclos da borracha na América do Sul e no Congo; na conquista europeia das Américas e nos processos de colonização da África, Ásia e Austrália. Aqui no Rio Grande do Sul, tido como estado hospitaleiro, outro fato recente de racismo manchou sua história. Na próxima crônica acompanhe o relato de uma vítima em nosso Estado, tido como sendo “De modelo a toda Terra”, conforme o Hino do Rio Grande do Sul.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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