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Advento é esperançar

Vanildo Luiz Zugno

 

“O futuro a Deus pertence!” diz a sabedoria popular. E a voz do povo é a voz de Deus! No que tange ao quesito “futuro”, nada mais exato do que dizer que o único que sabe o nosso futuro é Deus. Quantos planos já fizemos, quantos sonhos já sonhamos, quantos caminhos desenhamos, quantos mundos desenhamos... No entanto, nem sempre o planejado se realizou, os sonhos se desfizeram em fumaça, os caminhos se perderam no tempo e quantas pinturas as chuvas do tempo desfizeram!

Não conhecer o futuro pode ser angustiante. Mas também pode ser reconfortante. Faz-nos tremer o fato de não ter a segurança sobre o que vem pela frente. Faz-nos vibrar a possibilidade de que os males do presente possam ser no futuro superados, o que nos prende possa enfim ser desatado e possamos caminhar livres e realizados em todas as dimensões.

Já imaginou se soubéssemos hoje tudo o que nos vai acontecer amanhã? No amanhã próximo do dia que vai nascer e no amanhã longínquo das décadas que virão? Não teria graça. Com certeza! Seria muito monótono. O bom da vida é o imprevisível, o surpreendente o totalmente novo que hoje não pode ser vislumbrado e nem sequer imaginado mas que já está anunciado e, temos certeza, vai acontecer.

Entre as duas atitudes extremas – a segurança absoluta e o futuro totalmente aberto – está o esperançar. O caminhar com os pés no chão, os sonhos no infinito e a mente e as mãos em ação. Comprometer-se com o presente sem deixar de sonhar o futuro. E viver o futuro já no presente que ainda precisa ser transformado.

É a esse esperançar que nos convida o Tempo de Advento. A exemplo de Maria que, ao saber de que o futuro de Deus estava para acontecer, não esqueceu de acudir à sua prima Isabel. Saiu da segurança de Nazaré para o inóspito das montanhas levando consigo a esperança do futuro já a acontecer em seu ventre e no ventre do mundo.

E do encontro da dureza do presente no ventre de Isabel à leveza do futuro do ventre de Maria, nasce o canto da esperança no Deus que desconcerta os corações dos soberbos, derruba do trono os poderosos e exalta os humildes, sacia de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias.

O tempo se aproxima. Faltam poucos dias. Vamos festejar. Vamos esperançar. O futuro já e presente para os que tem a cabeça nas nuvens da esperança e os pés no chão da humanidade, aqueles e aquelas que sabem esperançar.

Sobre o autor

Vanildo Luiz Zugno

Frade Menor Capuchinho na Província do Rio Grande do Sul. Graduado em Filosofia (UCPEL - Pelotas), Mestre (Université Catholique de Lyon) e Doutor em Teologia (Faculdades EST - São Leopoldo). Professor na ESTEF - Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Porto Alegre)."

 

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