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A virtude da Esperança

Miguel Debiasi

Para os cristãos, são três as virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Para São Paulo apóstolo, a maior é a caridade. Mas, para ser um bom cristão são imprescindíveis as três. Pois, há uma relação de complemento entre ambas. Na fiel observância destas virtudes, o cristão se fortalece no seguimento a Jesus Cristo e caracteriza um agir moral, ético, humanístico. Ante uma crise mundial de toda natureza, a esperança pode fortalecer a humanidade para o caminho da justiça e da mudança social. 

Longe de méritos pessoais, para os cristãos as virtudes teologais são infusas pela graça de Deus que revela suas verdades e seus ensinamentos. Em todos os tempos sempre estiveram presentes na caminhada dos cristãos e da Igreja. Com base nas Escrituras, as virtudes teologais foram estudadas pelos santos Padres da Igreja, pelos místicos e teólogos. E por elas reconheceram nas Escrituras as quatro virtudes cardeais. Os santos Padres — Ambrósio de Milão, Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino — as classificam como: prudência, justiça, fortaleza e temperança. O termo virtude, do latim virtus, virtute, virtutis, de vir, viril, força; e do grego, arèté, arete, força, designa toda a excelência de uma coisa.

Entende-se a disposição constante, habitual, firme da alma que leva o homem a praticar o bem e evitar o mal. O termo teologal, do grego theós, Deus; e logos, amor racional, sabedoria, conhecimento recebido como Dom de Deus. A Fé, a Esperança e a Caridade são chamadas teologais porque não são produtos de um hábito, prática, mas são infundidas nas pessoas pela graça santificante e que permite viver uma relação íntima com Deus. Isto é, o cristão torna-se apto a regular suas paixões, guia sua conduta segundo a razão e a fé.

Neste sentido, pode o homem tentar manifestar aos outros que é animado pela esperança, sem ela ressoar em sua consciência? Em Santo Agostinho a resposta é que nenhuma virtude procede de méritos, porque “a virtude, Deus a opera em nós sem nós”. Segundo São Gregório “a virtude de cada coisa é o que torna bom o que a possui e torna boa a sua ação”. Ali onde se encontra um ato bom do homem, este ato corresponde à virtude humana.

Em cada ato humano há duas medidas: uma imediata e homogênea que é a razão; outra, suprema e transcendente, que é Deus. Todo ato humano que esteja de acordo com a razão e com o próprio Deus é bom. Mas, o ato de esperança se refere a Deus, causada exclusivamente pela graça. Para o contemporâneo teólogo alemão Jürgen Moltmann a esperança real “sempre tem que vir precedida de uma lembrança positiva”. Esta lembrança positiva só pode vir de Deus, raiz da história humana. Logo, para fazer frente ao momento que o mundo atravessa é preciso que todos se abram para esta esperança. 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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