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Subsidio para 8º Domingo do Tempo Comum

por João Romanini

Litrugia Dominical para o domingo 27 de fevereiro 2022 ano C

Foto: Divulgação

SUBSÍDIOS EXEGÉTICOS

LITURGIA DOMINICAL - ANO C

 

Oitavo Domingo do Tempo Comum

Dia 27 de Fevereiro de 2022

Primeira Leitura: Eclo 27,5-8

Segunda Leitura: 1 Cor 15, 54-58

Salmo: 91,2-3.13-16

Evangelho: Lc 6, 39-45

 

O Evangelho

O Evangelho segundo Lucas, ou “Evangelho para Teófilo”, assim como o Livro de Atos, tem o objetivo explícito de oferecer para as pessoas que se aproximavam ao cristianismo no final do século 1º, uma base “práxica” (isto é, da mensagem feita prática), daquilo que Jesus tinha significado (como realização das promessas ao Povo de Deus), o que tinha feito e anunciado (a partir da pregação de João Batista e a nova esperança gerada pela Cruz-Ressurreição). Neste Domingo estamos na parte do Evangelho dedicada ao que podemos chamar de “Atitudes de Jesus” (4,14-7,7). No momento em que este Evangelho foi sistematizado, a cidade de Jerusalém já tinha sido totalmente destruída (em 70 d.C.) e a fé cristã mostrava-se como o caminho para superar a violência, a desigualdade, a morte, a perseguição. Mas era preciso mostrar isso na prática. Teófilas e Teófilos deviam ser agentes de transformação e esperança para todas as outras pessoas. A partir daí é que devemos entender questionamentos como: “Como pode um cego, guiar outro cego?” (Lc 6,39).

O texto em si

O texto segue um conjunto de questionamentos, que é um recurso pedagógico para analisar a realidade: “Se vocês amam quem ama vocês, que recompensa terão? Também os pecadores amam quem lhes ama” (Lc 6,32); “Se emprestam para quem esperam receber, que recompensa terão? (Lc 6,34). No entanto, no versículo 39 se dá uma ênfase ao afirmar: “E lhes disse uma parábola...”. Na verdade o que se apresenta aqui é um método de avaliar a prática evangélica. A parábola anunciada só está no final: “É semelhante a um homem que edificou sua casa...” (Lc 7,48s). A parábola esta retirada da tradição de Mateus (7,22-29) onde também se insta à práxis do Evangelho. Lucas vai resumir a introdução de Mateus 7,22-24a, enfatizando de forma mais genérica a práxis evangélica com a frase: “Porque me chamam ‘Senhor, Senhor” se não fazem o que lhes digo?” (Lc 7,46).

Mas, de onde vem o conjunto de afirmações que estão em Lc 7,39-45? A afirmação do versículo 39 sobre “cego guiando cego”, encontra paralelo na tradição de Mateus (15,14); o versículo 40 onde se questiona se o discípulo pode ser maior que o mestre está em Mt 10,24; a hipocrisia de olhar a trave no olho de irmãos ou irmãs, nos versículo 41-42, está em Mt 7,3-5 (copiada quase que literalmente); e o critério de conhecer a árvore pelos seu frutos, nos versículo 43-44; está em Mt 7,16-18, ou pode ser de Mt 12,33; finalmente a afirmativa sobre o coração humano, está em Mt 12,35. Seriam estes pequenos trechos (chamados logia) recolhidos tanto pela tradição de Mateus e por Lucas? O fato é que Lucas os juntou em um só lugar. Por quê?

Lucas parece aplicar – como no caminho de Emaús - o método “ver, julgar e agir”. Primeiro apontando para o problema de não ver a realidade e a necessidade de perceber o contexto (v.39). O julgar aparece com a crítica a quem pretende ser mais que o mestre, quem julga as outras pessoas de forma preconceituosa e carece de autocrítica, quem não consegue avaliar os frutos de quem age em favor da maldade, ou de quem destila do coração palavras violentas, preconceituosas, ou ternas e cheias de bondade (v.40-45). O agir é apresentado a partir da crítica de quem acha que apenas falar “em Deus” ou “no Senhor” é suficiente para alicerçar a prática do Evangelho.

Relacionando com as outras leituras

Na leitura de Eclesiástico ou Sirácida, que tem a mesma preocupação pedagógica que Lucas, aparece a pergunta: “A quem foi revelada a raiz da sabedoria” (Eclo 27,6). De fato, Jesus revela uma sabedoria radical, que emerge da raiz, baseada no olhar aberto e profundo da realidade, o julgamento autocrítico e livre de preconceitos e a relação coerente entre o que se diz e o que se faz. O apóstolo Paulo usa da pergunta: “Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está. ó reino dos mortos/hades/inferno, tua vitória?” (1 Cor 15,55). De fato, a sabedoria da morte-ressurreição permite um novo olhar e uma nova prática, onde o medo e morte não são mais as que motivam ou movem nossa prática, mas sim o poder da vida.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

www.subsidiosexegeticos.wordpress.com

 

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