Em entrevista, Valter Ferreira, presidente da CICAS, analisou o impacto das condições climáticas e econômicas sobre o setor moveleiro no Rio Grande do Sul, especialmente após a enchente que devastou a região. Ferreira ressaltou que, apesar das dificuldades, o setor mostrou resiliência, alcançando crescimento significativo em 2024. 

"A indústria moveleira no estado cresceu 9%, enquanto a média nacional foi de 5%. Esse crescimento foi impulsionado por uma demanda elevada, especialmente devido à necessidade de reposição de mobiliário após as enchentes que afetaram muitas famílias", explicou. 

Ferreira também destacou os desafios enfrentados pelas empresas. "Houve uma elevação nos custos de matérias-primas, muitas delas atreladas ao dólar, como madeira, vidro e metais. Isso exigiu um planejamento rigoroso para manter a competitividade e atender às necessidades das comunidades atingidas." 

O presidente enfatizou a importância da solidariedade dos empresários, que não apenas mantiveram a produção, mas também ofereceram aumentos salariais de 8,5%, acima da inflação oficial. "Foi um esforço coletivo para valorizar os trabalhadores, que são fundamentais no processo produtivo. A meritocracia e o treinamento contínuo têm sido prioridades", afirmou. 

Sobre o futuro do setor, Ferreira se mostrou cauteloso. Ele apontou para uma desaceleração na demanda a partir de novembro de 2024, prevendo um início de 2025 mais lento, marcado pela briga de preços e possíveis férias coletivas. "Nossa preocupação agora é manter a produção em um cenário de menor injeção de recursos federais e volatilidade cambial. No entanto, as feiras do setor, previstas para o primeiro trimestre, serão uma oportunidade para buscar novas estratégias." 

A resiliência do setor moveleiro do Rio Grande do Sul reflete a capacidade de adaptação diante de cenários adversos, reafirmando seu papel fundamental na economia local e nacional.