Veterinário explica sobre intoxicação de bovinos pela "Maria-Mole", planta que mata até 40 mil cabeças de gado por ano no Estado
Baixar ÁudioChilante disse que não há tratamento para a enfermidade animal
A intoxicação de bovinos pela planta Senécio madagascariensis, conhecida como “Maria-Mole” tem gerado preocupação entre os pecuaristas do Rio Grande do Sul. A planta é nativa da América do Sul e tem se mostrado altamente tóxica para bovinos e equinos. O médico veterinário da Inspetoria de Defesa Agropecuária, Márcio Chilante, alertou para os perigos dessa planta e os fatores que a tornam ainda mais letal em determinadas circunstâncias.
Chilante explicou que a Maria-Mole não é uma planta palatável para os animais e geralmente não é ingerida em condições normais de alimentação. No entanto, em situações de adversidade, como períodos de estiagem ou seca intensa, os bovinos podem acabar consumindo a planta por falta de outras opções de alimento. A ingestão da Maria-Mole causa lesões hepáticas no fígado dos animais.
O Instituto de Pesquisa Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), laboratório veterinário localizado em Eldorado do Sul/RS, detectou um alarmante número de mortes de bovinos causadas pela intoxicação pela Maria-Mole. Estima-se que entre 30 mil a 40 mil cabeças de gado morram anualmente no Rio Grande do Sul devido a essa planta tóxica. A situação é considerada crônica e de difícil controle, especialmente durante o inverno, quando a Maria-Mole está brotando e apresenta maior toxicidade.
Durante os meses de maio a agosto, devido às geadas e ao frio, a forragem escasseia, levando os bovinos a buscarem qualquer opção de alimento disponível, incluindo a Maria Mole. Chilante ressaltou a importância de garantir uma oferta adequada de comida para o rebanho, bem como eliminar a planta de áreas de pastagem por meio de roçadas frequentes. Ele também mencionou que ovinos e caprinos também são afetados pela intoxicação pela Maria Mole, mas são um pouco mais resistentes em comparação aos bovinos.
A planta contém alcaloides tóxicos, que se tornam mais concentrados nesse período do ano, aumentando assim o risco de intoxicação dos animais. Os sintomas da intoxicação incluem agressividade ou apatia, isolamento, dificuldade de locomoção e lesões causadas pela falta de metabolização adequada. “Não há um tratamento específico para a intoxicação pela Maria-Mole. Ou o animal se recupera naturalmente ou pode vir a óbito”
O veterinário alertou que a planta também pode ser tóxica quando presente em feno e silagem, destacando a importância de evitar a contaminação desses alimentos. Embora não haja um diagnóstico definitivo para todas as mortes de bovinos relacionadas à Maria Mole na região, Chilante acredita que a planta seja uma das principais causas de óbitos entre o rebanho.
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