Modelo de ensino que associa teoria e prática no meio rural é apresentado no South Summit
No Rio Grande do Sul, entre 71% e 90% dos egressos que estudaram com essa metodologia permanecem residindo no campo
A parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e a Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra), de Caxias do Sul, foi tema do painel “Conectando tradição e contemporaneidade: o papel da pedagogia de alternância e da escola agrícola na inovação educacional”, promovido na quinta-feira, 21/03, no espaço RS Innovation Stage, do South Summit Brazil, correalizado pelo governo do Rio Grande do Sul no Cais Mauá, em Porto Alegre.
O objetivo da proposta foi apresentar o desenvolvimento da região de forma qualitativa por meio da Pedagogia da Alternância, ferramenta que une a experiência do trabalho em casa com as teorias a serem aprofundadas na escola, ou seja, unindo teoria à prática.
O diretor da Efaserra, Israel Matte, vinculou o sucesso da escola à metodologia aplicada, por meio da qual o estudante mantém contato com a sua propriedade. “Pelo nosso sistema, o jovem permanece uma semana na escola com aula em tempo integral, em regime de internato, e na semana seguinte vai para a sua propriedade, ou seja, durante o Ensino Médio, não perde o vínculo com e conhece a comunidade em que está inserido”, explica Matte.
No final do curso, o jovem realiza um projeto profissional em sua propriedade para aumentar produção e renda. A parceria faz parte do Programa de Apoio à Permanência do Jovem no Campo, que visa apoiar a formação integral dos jovens rurais a partir de escolas comunitárias, com adoção da Pedagogia da Alternância. O Estado, por meio da SDR, une esforços com as escolas comunitárias para contribuir com uma maior inserção social e permanência do jovem no campo.
A Efaserra atua há dez anos e atende, exclusivamente, filhos e filhas de agricultores familiares. Atualmente, conta com mais de 30 colaboradores e tem 239 jovens matriculados nos três anos dos ensinos Médio e Técnico, divididos em oito turmas. Além disso, após o 3º ano de curso, os jovens podem fazer um estágio de 400 horas em empresas, cooperativas, agropecuárias e propriedades modelo para continuar e finalizar a formação.
No Rio Grande do Sul, entre 71% e 90% dos egressos que estudaram com essa metodologia permanecem residindo no campo, desenvolvendo as atividades econômicas da propriedade, bem como participando em cooperativas ou associações, auxiliando no desenvolvimento local e regional e demonstrando liderança e responsabilidade perante a sociedade.
O secretário-adjunto de Desenvolvimento Rural, Lindomar Moraes, ressaltou a representatividade da parceria para a sucessão rural no campo. “O índice de jovens que passam pela Efaserra e permanecem na atividade agropecuária é muito alto, o que evidencia a importância desse projeto para promover a sucessão familiar no campo”, avalia.
Durante o painel, foi apresentada a história do estudante de Agronomia Victor Uez. Egresso da escola, técnico em agropecuária e agricultor familiar, ele falou sobre a sua experiência na Efaserra. "Eu não tinha nenhum vínculo com o interior, apesar de viver lá a minha vida inteira. Através da escola, fui percebendo o potencial que tinha na mão", analisou Uez. O estudante comentou a mudança que o ensino proporcionou na maneira como olhava a propriedade da sua família. “Nós estamos sempre produzindo, então as nossas propriedades são pequenas empresas, e só através da Efaserra pude aprender que esse local deve ser gerido como tal”, comentou.
O gerente administrativo da Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (CAFF), Marcos Regelin, discorreu sobre a participação da entidade no projeto. “Nós atuamos como um importante parceiro da Efaserra, na medida em que a entidade busca auxiliar os agricultores e fomentar o desenvolvimento das agroindústrias do município”, disse.
Texto: Guilherme Granez/Ascom SDR
Comentários