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Resistência de carrapatos bovinos a carrapaticidas é tema de estudo da Secretaria da Agricultura

por Rudimar Galvan

Prejuízo causado pelo parasita à pecuária gaúcha pode ultrapassar R$ 450 milhões por ano

Pesquisa de campo e de laboratório ocorre até setembro deste ano; resultados devem sair em 2024
Foto: Divulgação/ Fernando Dias/Ascom Seapi

Pesquisadores e fiscais agropecuários da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) estão realizando um estudo que avalia a distribuição regional das populações de carrapatos bovinos multirresistentes e o nível de resistência a cada tipo de carrapaticida no Estado. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os carrapatos e as doenças causadas por eles provocam prejuízo de mais de R$ 450 milhões por ano à pecuária gaúcha (como danos na produtividade dos animais e custos com controle e tratamento).

Conforme a médica veterinária e coordenadora do Serviço de Doenças Parasitárias da Seapi, Nathalia Bidone, foram sorteadas cerca de 1.500 propriedades rurais, que poderão ou não ser contatadas. “Dessas, pelo menos 302 em 120 municípios serão visitadas e terão os carrapatos coletados”, afirma Nathalia. Ela explica que as atividades de campo e de laboratório devem ocorrer até setembro deste ano e que a análise dos resultados deve ser concluída até março de 2024.

O estudo será executado por pesquisadores do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor (CEPVDF), do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) e por fiscais estaduais agropecuários do Serviço de Doenças Parasitárias (SDP) do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA) da Seapi.

“Para a coleta, o gado deve estar sem tratamento carrapaticida há pelo menos 30 dias, para não interferir no resultado dos testes”, pontua a médica veterinária. As análises serão feitas no Laboratório de Parasitologia do CEPVDF, em Eldorado do Sul. Durante o trabalho, também serão feitas perguntas sobre o manejo da propriedade com relação ao carrapato para avaliar os fatores de risco no Rio Grande do Sul.

A demanda da pesquisa foi do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag).

O chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Seapi, Fernando Groff, conta que, com o resultado do estudo, a instituição terá dados confiáveis para encontrar soluções para essa questão sanitária. “A atuação do Serviço Veterinário Oficial será da porteira para fora, estabelecendo diretrizes de controle da disseminação e mantendo vigilância e saneamento de focos de multirresistência, que é o problema no manejo do carrapato bovino", ressalta Fernando.

Resistência

Dados de exames realizados pelo CEPVDF em anos anteriores apontam que 95% das amostras de propriedades do Rio Grande do Sul são resistentes a pelo menos um carrapaticida e que 45% delas são resistentes a quatro ou mais produtos, caracterizando casos de resistência de amplo espectro.

“Em outras palavras, o uso indiscriminado e intensivo de carrapaticidas determinou a seleção de parasitos resistentes a seis das sete classes químicas disponíveis no mercado. Entretanto, como as amostras, em geral, vêm de propriedades que já possuem problemas em controlar as infestações, a ideia é coletar amostras representativas de todas as populações de carrapatos do Estado e determinar a distribuição da multirresistência”, destaca a médica veterinária Nathalia.

Texto: Secom

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