Lugar incomum
Escondeu a dor em um lugar intocável, tão profundo que se perdia quando queria achá-la.
Lágrimas e lamentos rolavam a lhe encolher ou, pouco a pouco, a desfazer...
Não tinha claro onde colocava aquela emoção que muito o perturbava e com a qual não aprendera a lidar. Precisava buscar recursos, criar condições, construir novamente. Sabia que o que sentia não se abstrairia, a menos que se fortalecesse.
Depois de ampliar seu olhar, as lágrimas percorriam seu rosto, e não necessariamente eram de dor. Essa emoção era complementada pela inteireza que sentia agora, da contemplação que acolhia e do sentir a vida, absorvendo-a... sim, tinha sobrevivido a muitas situações difíceis.
A coerência interna buscou caminhos e respostas, e se fortaleceu.
Ficava evidente agora que a dor sem escuta que habitou seu íntimo, bem como o de muitas outras pessoas, precisava ser acolhida – em nós, no outro e na vida. Necessitava descobrir maneiras para isso, dando-a um lugar, e olhando-a com amor, inspirado pela verdade.
Diante da vida, das dores do outro e principalmente das suas próprias, percebeu que naquele instante era inevitável se abraçar, para sempre! Compreendeu que se não se abraçasse dali para frente, não conseguiria seguir seu caminho e o que era preciso fazer.
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