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Eram só 653 quilos de cocaína

Miguel Debiasi

A comercialização de drogas ilícitas é prática que atravessa séculos. Mas, atualmente, a comercialização tem-se intensificado. O transporte de drogas é feito via transporte rodoviário, marítimo, ferroviário, aéreo. Também através de transporte conhecido como “mula de carga”. Isto é, usam pessoas para transportar drogas. Sobretudo, mulheres e jovens. Contudo, chama atenção a facilidade da comercialização em proporções espantosas.

Quase todo ser humano é dependente de algum tipo de droga, lícita ou ilícita. As drogas ilícitas mais conhecidas são a maconha, cocaína, crack, ecstasy, LSD, inalantes, heroína, barbitúricos, morfina, Skank, chá de cogumelo, anfetaminas, clorofórmio, ópio e outras. Segundo relatório divulgado em Londres em 4 de junho pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), o Brasil aparece entre as maiores nações que produzem, importam e exportam drogas. No ranking mundial o Brasil fica ao lado da Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Paquistão e Estados Unidos. As drogas mais produzidas e comercializadas no Brasil são substâncias psicotrópicas, ou aquelas que atuam diretamente no cérebro, como cocaína, anfetamina, álcool, heroína, etc. Ao contrário do que dizem os governantes, o consumo e a comercialização de drogas têm aumentado significativamente no país. Segundo o relatório o aumento anual é de 0,7% no Brasil. Isto significa que mais jovens, adolescentes e adultos se tornam dependentes e há mais mortes de vítimas do consumo e tráfico de drogas.

Os estudos apontam que a cocaína apreendida no Brasil vem em maior quantidade da Bolívia, depois do Peru e em seguida da Colômbia. O consumo de cocaína na América do Sul é três vezes maior do que a média mundial. No Oriente Médio o tráfico de cocaína também tem crescido por vias aéreas e marítimas originárias da América do Sul. Fato recente no Iêmen, 115 kg de cocaína foram apreendidos de um contêiner enviado do Brasil. No Líbano, 13 kg de cocaína foram apreendidos em aeronave proveniente do Brasil, via Catar. Reconhecidamente o Brasil está na rota mundial do tráfico de drogas.

A causa do crescimento no Brasil é a redução de recursos e de políticas públicas de combate às drogas. A prova está em pleno centro da cidade de São Paulo com a famosa Cracolândia. A nomenclatura Cracolândia deriva de crack+lândia, ou seja, terra do crack. A Cracolândia é a região em que se desenvolve intenso tráfico de drogas e meretrício. Pior, São Paulo não é o único caso, em todos os centros urbanos do país vive-se situação igual. Alarma que além dos centros urbanos e periferias, a droga chega às zonas rurais, até aos extremos dos rincões.

Infelizmente no Brasil a produção, comercialização e o consumo de drogas independe das regiões e classes sociais. No dia 25 de junho, na fazenda do Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, uma aeronave tentou decolagem com 500 quilos de cocaína, mas foi interceptada pela Polícia Federal. Por sua vez, o ministro explica através de seu Twitter: “a fazenda Itamarati é extensa e enfrenta, como Mato Grosso, a ação vulnerável do tráfico”. De fato, a fazenda tem 11 pistas para pousos eventuais. Ademais, recentemente um helicóptero de propriedade de políticos também foi interceptado transportando drogas. Mas, o mais revoltante e vergonhoso é que ninguém foi preso até o momento. Afinal, eram só 653 quilos de cocaína na propriedade do maior produtor de soja do mundo...

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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