Entreguei só pela metade
Entreguei só pela metade, era só o que eu tinha, foi assim que aprendi, era o que conseguia oferecer. E essa porção me parecia o inteiro a se mostrar...
Entreguei o que me pertencia, a metade que percebia, que via, que absorvia nas mãos, que embalava em papel de presente e com afeto depositava no além mar....
Me envolvi pela metade. Não sabia dar mais, não aprendi... Soava estranho dar além do que já dava. Dar o que o outro não solicitava, mas queria. Ele me questionava com o olhar de desaprovação, que eu não compreendia, mas que me deixava confusa.
Construí pela metade. Era algo estranho a se formar, uma busca pela completude que não conseguia alcançar.
Dava mais do que tinha, entregava tudo que conseguia e em metade se constituía.
Busquei pela metade, no universo, com a vista doída e cansada, e não enxergava aonde poderia chegar ou estar. Pela metade passei meus dias a divagar e a não enxergar fragmentos do inteiro que poderia se formar.
A incompletude me correu atrás, tentando garantir o seu lugar e em mim adentrar.
Assim fiquei metade, nos dias a se alternar...
Sorri pela metade, com o canto do lábio. Ouvi só uma parte, o eco que se confundia num sussurro que fugiu em pedaços. Olhei fragmentado... Aonde ficou a outra parte?
Me procurei inteira na metade que faltava...
Explorei entre sentimentos a metade que não foi construída, que não existiu, que não floriu, que ficou estagnada, parada, amorfa.
Me vi inteira, me senti metade, me destitui de verdade... fui procurando minha integridade... o eu em mim a se mostrar, ou melhor, a se transformar...
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