Dai-lhes vós mesmos de comer
Como ser generoso quando se tem apenas o suficiente para a vida? O milagre das multiplicações dos pães e peixes é um dos grandes atos generosos de Deus. Temos em nossa memória as histórias em quadrinhos do Pato Donald que teve um tio: “O tio Patinhas”, personagem conhecido pelo seu amor ao dinheiro e por ser elevado mesquinho. As necessidades das pessoas precisam comover os corações e as mentes, superar o espírito mesquinho.
“Os padrões alimentares salvam vidas”, foi o tema escolhido para celebrar dia 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação. A celebração desta data é de suma importância para o mundo refletir e avaliar as questões relevantes a respeito da alimentação, tais como a fome, a segurança alimentar e nutricional e a necessidade de alimento saudável. O Dia Mundial da Alimentação foi criado em 1945, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO), mas somente em 1981 a data começou a ser celebrada em vários países.
Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), uma grande quantidade de pessoas sofre devido a problemas relacionados à alimentação. Enquanto em alguns locais milhares de indivíduos morrem em decorrência da falta de alimentos outros sofrem as consequências de uma alimentação inadequada. Para a ONU cerca de dois bilhões de pessoas não têm acesso regular a alimentos nutritivos e suficientes que causam danos. Mais de 150 milhões de crianças abaixo de cinco anos estão afetadas por atraso no desenvolvimento devido à má alimentação.
A desigual distribuição de alimentos afeta o desenvolvimento humano e os padrões de consumo da população mundial, problema que está relacionado ao fator político e econômico. São gritantes as diferenças na distribuição de alimentos entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento com as nações subdesenvolvidas.
Segundo especialistas em nutrição, nos países desenvolvidos há uma abastada oferta de alimentos, porém, o consumo sob o ponto de vista nutricional, nem sempre é adequado, ocorrendo excessos. As populações de países subdesenvolvidos convivem com a escassez de alimentos e não dispõem de recursos educativos, ambientais e até financeiros para obtenção do mesmo. A consequência desta desigual distribuição de alimentos é a fome e a subnutrição no mundo.
Historicamente entre os continentes ocorreu a disseminação do uso de diferentes tipos de alimentos e a introdução de plantas e animais domésticos em novas áreas. Na Antiguidade e na Idade Média, os gregos e os romanos tinham um comércio de grande porte, envolvendo plantas comestíveis, azeite de oliva, alimentação suficiente para época de penúria e fome.
Na Idade Contemporânea até o século XX ocorreram muitas descobertas tecnológicas, científicas e progresso nos meios de produção de alimentos, consequentemente, modificando a cultura alimentar das populações. Os estudiosos apontam sete passos significativos na questão da alimentação: o aparecimento de novos alimentos ou produtos comestíveis; a renovação de técnicas agrícolas e industriais; a descoberta sobre fermentação; a produção de vinho, da cerveja e do queijo em escala industrial e os benefícios do leite; os avanços na genética permitiram sua ampliação no cultivo de plantas e criação de animais; a mecanização agrícola; e o desenvolvimento dos processos técnicos para conservação de alimentos.
Com a colonização da América a partir de 1492 e com as chamadas caravelas do navegador, houve um grande estímulo de descobertas gastronômicas e a comercialização de produtos alimentícios. Muitos produtos saíram da América e foram para a Europa, como: tomate, batata, abacaxi, abacate, amendoim, baunilha, milho, mandioca, feijão e pimentas. Essa comercialização permitiu uma revolução na gastronomia e na cultura alimentar dos povos.
Se em cada época histórica houve um progresso na comercialização de alimentos, nas técnicas agrícolas de produção e da evolução da industrialização de produtos alimentícios, perguntamos: Como será a alimentação para as futuras gerações? A problemática alimentar para os estudiosos indica duas tendências. A primeira se baseia em produção de produtos primeiros absolutos da agricultura. A segunda na fórmula de industrializados, do tipo, alimentos “de conveniências”, alimentos “desenhados”, alimentos “sintéticos”, proteínas textualizadas a partir de oleaginosas ou produtos de cereais processados e apresentados em formas variadas; concentrados ou isolados.
Estudos indicam que a produção de alimentos é mais que suficiente para alimentar a população mundial. Mas para que os alimentos cheguem a todos serão necessárias implementações de medidas políticas que possibilitem a melhor distribuição de renda, permitindo que o acesso ao alimento. Organismos internacionais, órgãos públicos, organizações não governamentais, igrejas e movimentos sociais reforçam a vigilância e a atenção para que medidas políticas sejam adotadas em relação questão da alimentação.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FVG), Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços dos alimentos estão caindo mais no Brasil do que no exterior. No segundo trimestre deste ano, a redução dos valores pagos ao produtor agropecuário foi de 13,4%. Os produtos alimentícios industrializados tiveram a redução de 3,8% a 4,7% dependendo do produto. A redução dos preços dos alimentos acompanha a retração da taxa da inflação.
Para solucionar o problema da fome, desnutrição e insegurança alimentar será necessária uma discussão conjunta e mundial. O avanço dessa reflexão pode significar a realização da missão recebida de Jesus que diante da multidão faminta ordena: “Dai-lhe vós mesmo de comer” (Mateus 14,16). É óbvio que as políticas públicas de distribuição de rendas e a redução dos preços dos alimentos facilitam essa missão dos cristãos e dos não cristãos.
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