Construímos um céu ou um inferno
“Somos os infernos dos outros” – diz Leandro Karnal. Sendo assim, se somos depositários do inferno, também seríamos do céu dos outros? Ambos são um peso muito grande para carregar - tanto ser o inferno quanto representar o céu de alguém...
Reconheço-me no outro. É nele que enxergo o sentido da minha existência e a responsabilidade pela minha felicidade. É por meio dele que minha visão alcança distância, que me sinto parte, incluído. Quando o outro não serve mais de espelho para mim, eu não me reconheço, ou eu não existo mais.
Uma coisa é certa: não nos pertence nem o céu, nem o inferno dos outros. Tudo que é eterno, que transcendente, vem de nós mesmos, do nosso interno. Não somos nem o céu nem o inferno do outro, porque não somos o outro, somos apenas nós, no mais profundo dentro de cada um.
Mesmo assim, muitas vezes, na insensatez, podemos produzir chamas profundas do inferno para o outro e para nós mesmos. Podemos contribuir para que o desamparo alcance mais espaços dentro dele ou podemos ajudá-lo alcançar o céu (da plenitude, do se amar, do serenar). Podemos estender a mão, empurrar com um olhar, direcionar com uma palavra. No entanto, a responsabilidade de ir para o céu ou para o inferno é exclusivamente individual.
Cada um jaz no seu próprio inferno ou céu, a depender de como construiu sua vida e direcionou seus aprendizados. Uma coisa é certa: todos nós, no dia a dia, construímos nosso céu ou nosso inferno. Se você não tem recurso, promova, invente, idealize, formule, enfim, corra atrás, não se intimide, e quem sabe poderá mergulhar no céu. Ou, mais que isso, podemos juntos construir um céu para podermos serenar...
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