Ciranda
Onde iremos cirandar, Maria, Marielle, onde iremos parar?
Vamos cirandar nas praças, Maria, Marielle, vamos lá.
Depois da praça tem um beco, Maria, Marielle, como vamos atravessar?
Vamos ser pequeninas, Maria, Marielle, pelas brechas passar.
E o que faremos depois, Maria, Marielle?
Vamos fazer uma roda, Maria, Marielle, vamos cantar.
Mas de canto morrem as cigarras, Maria, Marielle.
De tanto cantar morrem, Maria, Marielle, mas só depois de deixar filhotes no seu lugar.
E se a noite vier, Maria, Marielle, como vamos aguentar?
Como pirilampos, Maria, Marielle, para encantar e iluminar.
O que dizer aos insones, Maria, Marielle, o que podem esperar?
Os insones que perdem o sono, Maria, Marielle, de olhos abertos podem sonhar.
E se o dia amanhecer nublado, Maria, Marielle, como iremos levantar?
De braços dados, Maria, Marielle, para não desanimar.
Onde se esconde o sol, Maria, Marielle?
No peito, na mente, nos lábios, nos olhos, Maria, Marielle, para sentir, pensar, ver e denunciar. Ele brilha sem parar.
Calarão a sua voz, Maria, Marielle, o que podemos falar?
Calam os ventos, calam as cigarras, calam as ondas do mar, Maria, Marielle. Tudo se cala, às vezes, para mais forte o silêncio escutar. Mas teu silêncio grita, Maria, Marielle, gira, canta, encanta e nos convida a acreditar.
E agora, Maria, Marielle, como havemos de terminar?
Nada termina, Maria, Marielle, nasce no sonho, se transforma na fé, se realiza na justa medida. E quando não se concretiza vira semente, Maria, Marielle, para florescer e frutificar.
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