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Antes vazamento, agora sigilo!

Miguel Debiasi

Talvez no momento a palavra mais pronunciada no Brasil seja corrupção. Desde o descobrimento (22/04/1500) pela frota comandada por Pedro Álvares Cabral, a corrupção se instalou e hoje prossegue a todo vapor. Uma forma de combater a chaga da corrupção é informar a população dos corruptos e dos corruptores.

A palavra corrupção, do latim corrupta, vem da junção de dois termos: cor, que significa coração, e rupta, quebra ou rompimento. O termo corrupção tem um amplo sentido. No exercício da política significa tirar vantagem do poder em benefício próprio ou de terceiro. Na atividade pública, é favorecer um grupo ou funcionários com vantagens indevidas. No campo social é caracterizada pela incapacidade moral dos cidadãos de arrogar compromissos voltados para o bem comum. Na atividade pública e institucional a corrupção é uma negociata que traz benefícios e gratificações pessoais lesando o bem comum. Então, a corrupção é um ato injusto que dá vantagem a alguém e desfavorece outra parte. Este malfeito que precisa ser banido fere a moral, a ética, as leis e fundamentos políticos da sociedade civil.

A forma de impedir a corrupção é investigar as pessoas, instituições e grupos que corrompem. No Brasil foram constituídos órgãos públicos como a Polícia Federal e o Ministério Público, a quem cabe combater esses atos criminosos. De fato deflagraram muitas operações, como a Operação Timóteo que investiga a organização criminosa de enriquecimento ilícito, estando entre os investigados o pastor Silas Malafaia; a Operação Barba Negra, que investiga organização criminosa especializada na prática de crimes contra direitos autorais pela internet, a conhecida pirataria; a Operação Ctrl + Alt + Del, que mira um grupo que usava a Internet para roubar senhas de usuários de serviços de banco online; a Operação Lava-Jato, que investiga desvio de dinheiro da Petrobrás. Muitas outras operações estão sendo executadas para combater qualquer tipo de criminalidade, conforme informa o site da Polícia Federal.

As iniciativas de combate às organizações criminosas são plausíveis e merecem crédito. Contudo, a forma como é divulgado o conteúdo das operações compromete a credibilidade do trabalho e lança suspeita sobre a imparcialidade das investigações. Conteúdos de algumas delações dos executivos da Odebrecht foram vazados seletivamente com a intenção de atingir personalidades políticas do Partido dos Trabalhadores em vista de apoio popular para o golpe parlamentar de 2016. Porém, as 77 delações da Odebrecht que atingem personalidades políticas do atual governo serão mantidas em sigilo conforme decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O sigilo das delações de executivos da Andrade Gutierrez e da Odebrecht só garante que a corrupção continue a todo vapor e que criminosos se mantenham no poder sem ser punidos. Logo, o sigilo protege autoridades

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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