Advento: Tempo de Humanizar
A Liturgia da Igreja nos convida para o tempo do Advento. Como a palavra diz, somos chamados a olhar para aquilo que há de vir. Um tempo para olhar para o futuro que Deus reservou para a humanidade. Vamos nas quatro semanas que nos aproximam do Natal caminhando, passo a passo, pouco a pouco, em realização à festa que celebra o presente de Deus para a humanidade.
Presente de Deus que não e uma coisa, um objeto, uma comida e muito menos é carregado em um trenó por um senhor estranho vestido de vermelho. O presente que Deus traz para a humanidade vem carregado no seio materno de Maria e é o próprio Deus que se faz presente no meio de nós na pessoa do menino indefeso nascido numa estrebaria em Belém da Judeia.
É uma data paradoxal. Nela dizemos que o que há de vir, na verdade, já aconteceu e que o futuro da humanidade está num evento passado que aconteceu há dois mil e poucos anos. Um paradoxo apenas aparente. Na verdade, a temporalidade que o Advento propõe a celebrar não é a cronológica, o suceder de segundos, minutos, horas, dias, semanas, anos que constituem o curto período de nossas vidas e da humanidade. A temporalidade que o Advento convida a celebrar é a kairológica, a fatualidade da presença de Deus não apenas em meio à humanidademas na própria humanidade e não em qualquer humanidade. Deus se faz presente na humanidade mais frágil, mais desprezada e, por isso, mais temida quando nela se reconhece a presença de Deus.
Quem é Maria? Quem é José? Quem é aquele que vai nascer? São habitantes da Judeia que, para sobreviver, migraram para a Galileia e que, ao voltar para sua cidade natal, ninguém os reconhece como dos seus e, mesmo estando Maria a ponto de dar à luz, encontram como único lugar para abrigar-se da noite, do vento e do frio do inverno, uma gruta que servia de abrigo para os animais.
Mas é neles que Deus se faz presente no meio de nós. Essa é a boa notícia dos novos tempos que estão por chegar. O dia em que todas as pessoas, por mais humilde e sofrida que seja sua condição, sejam reconhecidas como morada de Deus. Para isso é preciso ter o olhar atento dos pastores que vigiam noite e dia, a pureza dos anjos que não fazem acepção de pessoas e a sabedoria dos estrangeiros que vem de longe para adorar o novo rei que vem governar o mundo não com o poder das armas, mas com a suavidade de uma humanidade plenamente assumida e transfigurada.
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