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A vida em ritos, shows, representações...

Miguel Debiasi

“A vida humana não é somente vivida, mas também é representada”, diz o teólogo José Comblin. Na vida há uma espécie de palco onde o ser humano pode representar como ator e espectador. A pessoa não deixa de ser uma diversidade de representações, experiências, olhares, formas inesgotáveis. Hoje parece que as pessoas necessitam da representação para viver em paz, o que é um risco para a juventude.

A palavra representar tem muitos significados, como dar uma imagem de algo que representa uma coisa. Também pode ser entendida como ser, constituir um trabalho que representa um grande esforço. Ainda, representar ao público através de uma peça de teatro. Um agir no substituir uma pessoa numa reunião. Representar a realidade, etc. Então, representar possui um amplo sentido. As formas mais comuns de representar a vida são peças teatrais, ritos, celebrações religiosas. Para os antropólogos desde a antiguidade o ser humano representa sua vida do nascimento à morte. Como exemplo, o rito batismal e os funerais praticados por toda humanidade são formas de representação. As representações estão relacionadas à vida e à morte.

Na prática da religião há muita representação. Os sacramentos oficializam essa representação do nascimento com o batismo, no qual a criança passa a ganhar um novo sentido, uma nova vida espiritual. Assim, para todos o batismo é a celebração do nascimento. Esta representação é sinal de vida e de esperança, apesar das precariedades da pobreza, dos sofrimentos e doenças. A própria sociedade secularizada necessita de representações para não sucumbir no espaço social. Por vezes suas representações competem com outros ritos e celebrações do tipo religiosas. Nesta oferta de palcos para representar é capaz de reinventar até mesmo a união entre gêneros, a convivência social da juventude, terceira idade, crianças, etc.

Sem dúvidas todas as representações, sejam religiosas ou seculares, têm poder de influenciar as pessoas. Contudo, estas representações não podem manipular a vida e realidade das pessoas. A sociedade secularizada usa de representações para conduzir as massas populares através dos palcos, dos shows, das vedetes da música, da orgia, do delírio coletivo. As representações desta natureza são muitas vezes uma evasão coletiva. Diante disto, o papel dos educadores é explicar que a convivência social retrata muitas vezes ideologias que entorpecem o sentido da vida. A vida não pode ser concebida como um objeto de consumo ainda que se achem na liberdade de fazer suas escolhas, mas na prática isso não se realiza. A felicidade ou a dramaticidade da vida não pode ser encarada igual a uma peça teatral. Hoje, com tanta oportunidade de ritos e shows, uma educação revolucionária leva muitos pais a repensar o estilo de vida dos filhos, na forma mais integrada à família, a um pequeno grupo de amigos.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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