Depois de 16 anos morando no Espírito Santo, Daniela Civa e Fernando Becker, têm planos de retornar à Marau. O casal de Marau reside com a filha de 7 anos, em Vitória, capital capixaba, onde uma onda de violência se instaurou desde os primeiros dias do mês de fevereiro, quando iniciou no estado, a greve dos policiais militares. Segundo as mais recentes estatísticas, já se contabilizam 121 mortes em decorrência da desordem instalada na região metropolitana da grande Vitória.

Em contato com a reportagem da Tua Rádio alvorada – ouça no player de áudio – Daniela, que é natural de Nicolau Vergueiro e mudou-se para o Espírito Santo, para acompanhar o marido, relata os problemas enfrentados pela população que, nos últimos dias, vive em constante tensão e medo. As imagens de repercussão nacionais, conforme afirma Daniela, são apenas um recorte no “cenário de guerra” que se impôs no estado desde que famílias de policiais militares bloqueiam as portas dos batalhões e não permitem a ação combativa. Elas pedem reajuste salarial para a categoria, que é proibida de fazer greve. Sem todo o efetivo nas ruas, o Espírito Santo sofre com mortes, saques e assaltos.

“Está tenso. Está tenso mesmo. Não é exagero dizer que vivemos em um clima de guerra. Recebemos a orientação para não sair de casa. Mas como podemos viver sem comida? Me obrigo a sair de casa para fazer compras e vou fazer um estoque. Os supermercados não estão mais sendo abastecidos. Para ter acesso ao que há nas prateleiras é preciso enfrentar filas de até 3 horas. Minha filha não foi mais à escola. Está um horror! Já decidi! Eu e minha filha estamos voltando, na quarta-feira, 15/02. Só quero pegar um avião, voltar para Marau e não olhar para trás”, comenta Daniela.

Os ônibus não circulam na Grande Vitória, escolas, postos de saúde e outros estabelecimentos não oferecem atendimento. Postos de combustíveis devem encerrar as atividades nesta sexta-feira, 10/02, após o meio-dia. O prejuízo do comércio já chega a R$300 milhões. Mesmo com a presença do Exército nas ruas, não há como restabelecer a ordem, segundo Daniela que confirma a morte de pelo menos dois soldados das forças Nacionais.