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Fevereiro Laranja: mês de conscientização da leucemia

Baixar Áudio por Taliane Radaelli

Campanha visa ampliar o debate sobre a importância do diagnóstico precoce e da doação de medula óssea

Foto: Divulgação

Cada mês do ano possui as suas cores especiais, a fim de conscientizar sobre diferentes doenças e buscar a prevenção. Neste mês, a campanha “Fevereiro Laranja” acende o alerta para uma doença que acomete tanto crianças como adultos: a leucemia. Sobre o assunto, conversamos com a  médica hematologista do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo, Dra. Daiane Weber.

A entrevista completa está disponível no player de áudio da matéria. 

Como explica a Doutora, a leucemia é um tipo de câncer da nossa medula óssea, ou seja, da nossa fábrica de sangue. A doença é dividida em dois grandes grupos, as leucemias agudas e as crônicas. Ambas se subdividem em linfóide e mielóide, de acordo com o tipo celular acometido. Como o nome diz, as leucemias agudas são mais agressivas, acontecem rapidamente, os sintomas surgem e evoluem em poucos dias. Já as leucemias crônicas têm o quadro clínico mais lento e, muitas vezes, são diagnosticadas em exames de rotina por algum outro motivo. 

Qual é o público mais acometido pela doença? 

Todos os anos, milhares de casos são diagnosticados no Brasil, o que reforça a importância de ampliar o debate e divulgar informações sobre o tema. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre 2023 e 2025 cerca de 11 mil casos de leucemia serão diagnosticados no Brasil. Só em 2020 foram registrados 6,7 mil óbitos no país em decorrência da leucemia.

Apesar de poder ocorrer em qualquer faixa etária, a leucemia linfóide aguda é o tipo mais comum em crianças e a leucemia mielóide aguda é mais vista em adultos e idosos. Já as leucemias crônicas são mais prevalentes na população idosa. Segundo Daiane, as taxas de cura podem chegar a 80% quando a doença é diagnosticada precocemente. 

A leucemia costuma apresentar sintomas? Quais? 

Normalmente, nas leucemias agudas o quadro clínico acontece muito rápido. Sintomas como cansaço, fraqueza, indisposição, manchas roxas pelo corpo, sangramentos sem motivo e infecções são comuns. Aumento do baço e das ínguas também pode ocorrer. As leucemias crônicas normalmente possuem evolução mais lenta, com quadro clínico mais arrastado e muitas vezes são descobertas ao acaso, por alterações em exames de sangue ou mesmo de imagem realizados por outros motivos.  

A suspeita da doença se dá pela alteração no hemograma (exame de sangue), que pode apresentar anemia, alteração dos glóbulos brancos (aumentados ou diminuídos) e/ou alteração nas plaquetas. A célula típica da leucemia aguda é o blasto. Uma vez tendo a suspeita da doença, são indicados os exames da medula óssea, que irão confirmar e identificar o subtipo da leucemia.

Como é feito o tratamento para combater a leucemia?

A leucemia aguda tem cura e o tratamento deve ser instituído o quanto antes, com quimioterapia na veia, em centro especializado. Em crianças com leucemia linfóide aguda, por exemplo, as chances de cura podem passar de 80%. O tratamento é feito em conjunto com equipe multidisciplinar, envolvendo a enfermagem, psicologia, farmácia, fisioterapia, nutrição, entre outros. 

A leucemia crônica, por sua vez, não possui cura; possui controle. O tratamento também é realizado com quimioterapia, porém, diferente da leucemia aguda, os tratamentos tendem a ser menos agressivos e, muitas vezes, utilizamos medicação por via oral. Importante ressaltar que o melhor tratamento para cada caso de leucemia sempre será individualizado, baseado nas condições clínicas do paciente, idade, doenças associadas e tolerabilidade às medicações. 

Existe uma causa para a doença?

Não está clara a origem da doença. Não parece existir fator genético associado. Ou seja, ter um familiar com a doença não aumenta o risco de desenvolvê-la. Exposição a produtos químicos, principalmente o benzeno, radiação e quimioterapia prévia parecem aumentar o risco de desenvolver a doença. 

Em quais casos se faz necessária a doação de medula óssea? Por que é tão difícil encontrar um doador compatível?

Diferente do que muitos pensam, o transplante de medula óssea não é indicado em todos os casos de leucemia. Ele é reservado para aqueles pacientes com leucemia aguda que não respondem bem a quimioterapia ou que têm marcadores de alto risco na avaliação genética/molecular. Quando na família, a probabilidade de encontrarmos um doador 100% compatível é em torno de 25% entre cada irmão de mesmo pai e mesma mãe. Quando fora da família, este número gira em torno de uma chance em cada 100.000 pessoas.

Qual a importância de tornar-se um doador?

Devido a gravidade da doença e pelo transplante ser a única esperança para muitos pacientes, é muito importante a conscientização da população com relação a doação de medula óssea. O procedimento de cadastro é muito simples e realizado rapidamente nos hemocentros, necessitando somente de uma amostra de sangue coletado em uma veia do braço dos doadores. Tal amostra é cadastrada em um banco de dados único, o REDOME - Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, visando aumentar as chances de encontrar alguém compatível. 

O mês de fevereiro é destinado a conscientização sobre leucemia. Deixe sua mensagem sobre a campanha para a população:

Precisamos conscientizar a população com relação a leucemia, disseminar informação sobre a doença com o intuito de ampliar as doações de medula óssea - um gesto tão simples que pode salvar muitas vidas! 

Créditos: Liliane Ferenci - Comunicação HSVP

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