Nesta sexta-feira, 07/07, o grupo de Alcoólicos Anônimos (AA) de Marau completou 44 anos. Em homenagem à data, conversamos com alguns integrantes da organização sobre suas histórias e a conscientização sobre os problemas do alcoolismo. A conversa está disponível no player de áudio, acima da foto da matéria.

As reuniões de recuperação do AA são abertas, gratuitas e acontecem, semanalmente, às segundas-feiras, a partir das 20h. O grupo se reúne na sala 363 do prédio do Salão Paroquial. O acesso fica localizado na Rua Padres Capuchinhos, de frente para o antigo Convento São Boaventura.

Também é possível entrar nas reuniões online do AA. Elas ocorrem diariamente, entre 20h e 22h. É possível se inscrever acessando o site institucional https://www.aaonline.com.br/. Marau está na área 44RSP, que é a mesma de Passo Fundo.

Caso seja necessário um direcionamento específico, também há a possbilidade de entrar em contato com a central de atendimento em Passo Fundo. O número para contato é o (54) 3311-9365.

"Aprendi a ser gente"

Abaixo, confira na íntegra o relato do contato que uma pessoa que buscou o AA teve com o grupo e os impactos sobre sua vida. O texto foi encaminhado à redação da Tua Rádio Alvorada pelos responsáveis pelo associação em Marau.

Aprendi a ser gente quando aceitei que faço parte dos 13% da  população mundial que tem problema com álcool. Que sou uma pessoa que não conseguia ter um autocontrole para saber a hora de parar.
A minha dependência impedia que tivesse consciência dos meus atos quando estava sobre o efeito do álcool. Por diversas vezes não lembrava do que havia feito ou falado quando estava bêbado.

Tinha inveja das pessoas que conseguiam beber socialmente, que não sofriam com a ansiedade e necessidade de seguir até estar bêbado. Desse momento em diante meu ego aumentava, era melhor que qualquer um e não fugia de nenhuma discussão. Certamente me sentia mais forte e nada nem ninguém sabia mais do que eu. 

Por diversas vezes minha família se queixava do meu comportamento, mas afinal de contas, quem supria as necessidades financeiras era eu e me dava o direito de poder beber. Diversas vezes até tentava, juro que tentava me controlar, mas não conseguia. 

Meus amigos de bebedeira e de festas riam quando eu fazia meus fiascos e palhaçadas. Precisei chegar ao fundo do poço, perder meu amor próprio, colocar em risco minha família, emprego, bens materiais e verdadeiros amigos para me dar conta do que estava acontecendo.

Não foi fácil admitir que era impotente perante o álcool e buscar ajuda. Medo do que falariam, remorso por não saber me controlar, dúvidas do porque tudo isso. O que fiz de errado para não ter o domínio sobre a bebida.

Busquei ajuda no AA (Alcoólicos Anônimos) com o coração aflito e dúvidas na cabeça e vergonha. Lá descobri que sou portador de uma doença incurável, progressiva e fatal. Sou um dependente.

Que o meu problema era o mesmo de todos os integrantes, assim como 13 % da população mundial. Aprendi que não preciso me envergonhar, mas sim levantar a cabeça olhando para frente em busca de um novo rumo.

Por ser uma doença incurável, o único tratamento é evitar o primeiro gole. Buscar uma meta de abstinência, de 24 em 24 horas, com a ajuda de um Poder Superior, fez com que eu mudasse o rumo da minha vida.

Agradeço diariamente por ter passado 24 horas sóbrio e me comprometo a fazer o máximo para manter mais um dia minha abstinência. Com certeza não é fácil, mas tudo o que conquistado com dificuldade tem mais valor.

Tive que mudar minha rotina e hábitos, evitar lugares, selecionar meus amigos, remodelar minha vida para manter minha sobriedade. Um preço pequeno pela conquista que tive.

Hoje tenho minha família como meu alicerce.

Cada um merece nova uma chance, se você tem problema com álcool procure o Grupo Marau de AA