ÔMICRON: “O problema sempre foi o surgimento de novas cepas”, diz médico marauense
Baixar ÁudioVariante tem dividido comunidade médica por parecer mais transmissível e resistente a vacinas.
O surgimento da nova variante do vírus causador da COVID-19 tem preocupado. Conhecida como Ômicron, a notificação da nova cepa à Organização Mundial da Saúde pela África do Sul ocorreu no dia 24/11. Aparentemente mais transmissível, ela tem causado inquietação em um momento no qual a rotina parecia voltar ao habitual.
A disseminação da Ômicron também gerado certo incômodo na classe médica. Segundo o médico clínico geral Raul de Carvalho Prestes, as variantes são mutações que ocorrem em todos os vírus como uma adaptação para sobreviver. Com o Sars-CoV-2, porém, “o problema sempre foi o surgimento de novas cepas”.
“O que chama muito a atenção no coronavírus é a quantidade de mutações. Nós temos, aí, um ano e meio de pandemia e já surgiu quatro grandes vírus”, comentou o médico em entrevista à Tua Rádio Alvorada. Para ele, a pandemia não se tratou de um único surto, mas de várias epidemias de coronavírus, “porque não é o mesmo vírus”.
Sobre a Ômicron, Prestes explica que a principal preocupação é com relação à quantidade de mutações muito maior que a de variantes prévias. Segundo ele, esse vírus tem mais de 50 mutações em relação às cepas anteriores, das quais 32 são na proteína spike. Essa é uma das partes do vírus em que as vacinas trabalham, então “o medo é que as vacinas não sejam tão eficazes, porque ele mutou demais”.
O fato tem dividido a comunidade científica também. Segundo Prestes, parte dos profissionais entende que as vacinas serão inferiores pela quantidade de mutação, enquanto outros acham que não vai mudar tanto assim. “Mesmo que não seja uma eficácia tão grande quanto os vírus prévios, sempre haverá uma eficácia contra hospitalizações e mortes”, ele comenta, “por isso a importância da vacinação”. Ele também acredita que distanciamento social e uso de máscara, principalmente em lugar fechado, ainda devem ser seguidos.
O médico ainda destaca que não se tem certeza se ele é um vírus mais agressivo ou mais fácil de ser transmitido, já que a Organização Mundial da Saúde ainda não emitiu nenhum tipo de estatuto a respeito. Mas ele acredita “que em 15 dias nós teremos várias respostas”.
Tratamento
Segundo Raul, existem medicações que podem atuar no combate à COVID-19 junto da vacinação. Ele destaca uma que está sendo desenvolvida pela farmacêutica Pfizer que combinaria dois antivirais a uma substância chamada ritonavir.
O clínico geral explica que esse remédio, ingerido por via oral de 12 em 12 horas nos primeiros três dias de sintomas, reduziria a mortalidade e as hospitalizações em 90%. Isso se deve a uma reação que impede o vírus de se replicar, por isso o uso antecipado. “Foi testado nos vírus antigos, a gente não sabe ainda da variante Ômicron, mas a gente imagina que também vai funcionar”, comenta.
O médico também cita uma medicação produzida pela farmacêutica Merck e um coquetel de anticorpos monoclonais, composto por casirivimabe e imdevimabe, que é aplicado por infusão intravenosa. Ele ressalta que essas medicações são utilizadas apenas no tratamento recente da doença, ao surgirem sintomas precoces.
Quando o vírus já se replicou e causou uma infecção no pulmão, são usados corticoides para efetuar o tratamento tradicional da COVID-19.
Para ouvir a entrevista com Raul de Prestes, clique em 'ouvir notícia'. O botão com acesso para o áudio está localizado acima da foto.
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