Subsídios exegéticos. Liturgia dominical - ano A
Roteiro para uma refelxão do Domingo 4 de outubro
27º Domingo do Tempo Comum
Dia: 04 de outubro de 2020
Primeira Leitura: Is 5,1-7
Salmo: Sl 79, 9.12.13-14.15-16.19-20 (R. Is 5,7a)
Segunda Leitura: Fl 4,6-9
Evangelho: Mt 21,33-43
O evangelho deste 27º domingo encontra-se na primeira seção destes capítulos 21–22. Neles, a autoridade de Jesus é questionada pelos líderes judaicos. É para eles que Jesus conta três parábolas jurídicas: a parábola sobre os dois filhos, a parábola do banquete rejeitado e a parábola dos vinhateiros homicidas (21,33-43).
Antes de prosseguir, convém explicar o que é uma parábola jurídica. É uma parábola inserida em um relato um pouco maior: um profeta conta uma história e pede a quem escuta sua opinião sobre o acontecimento narrado. Quem ouve a parábola dá um veredito. O profeta, então, diz que a história contada é uma comparação com a atitude da própria pessoa que está ouvindo e opinando. Desse modo, sem saber, a pessoa condena a si mesma.
A parábola dos vinhateiros homicidas contém algumas imagens conhecidas na tradição bíblica, pois esta parábola tem sua raiz no Cântico da vinha de Is 5,1-7, que ouvimos hoje na primeira leitura.
A chave para entender a parábola contada por Jesus está no significado das figuras simbólicas: o dono da vinha é Deus; a vinha é Israel; a plantação, o cultivo e os cuidados do dono mostram a solicitude e o amor de Deus pelo povo eleito; os agricultores, encarregados da vinha para fazê-la produzir, são os dirigentes (políticos e religiosos); os frutos, segundo Is 5,7, são o direito e a justiça, expressos no amor ao próximo; os servos enviados por Deus representam os profetas; o fato de enviá-los repetidamente indica que Deus deseja com ansiedade a conversão do povo; o Filho e herdeiro é Jesus, o Messias.
O v. 33 descreve o carinho com que o Senhor trata sua vinha. Esse cuidado é apresentado enfaticamente com quatro ações: plantou, cercou-a, escavou, construiu.
Os vv. 35-36.38-39 descrevem, de modo até repetitivo, a ação dos vinhateiros. Em flagrante contraste com as ações do Senhor, os responsáveis pela vinha agem de modo agressivo: açoitaram, mataram, apedrejaram, agarraram, jogaram fora e novamente mataram.
Por meio da parábola, Jesus revela a hipocrisia dos chefes, não só os de Israel daquele tempo, mas também os nossos e de hoje. Eles deveriam compreender que a autoridade vem de Deus para cuidar do povo; no entanto, ao invés de cumprir a missão recebida, exercem o poder em beneficio próprio, impedindo o povo de ser feliz e ter vida.
Os servos enviados pelo dono da vinha nos vv. 34 e 36, são os profetas. O fato de serem de o dono da vinha enviar dois grupos pode ser interpretado como uma síntese de toda a ação profética do Antigo Testamento.
A grande novidade do relato de Mateus é que o próprio Filho do Dono da vinha veio e está no meio de nós para pedir conta dos frutos.
Um aspecto interessante do v. 38 é que os agricultores reconhecem de imediato o Filho: Este é o herdeiro. O crime deles não acontece por engano, pois eles têm plena consciência de suas ações. Não é um delito culposo, mas doloso: eles têm intenção de fazer o mal, eles querem ocupar o lugar do Senhor da vinha e se tornar os únicos donos do povo de Deus. E embora a parábola se refira aos dirigentes, indiretamente ela se aplica também a todo o povo, que se deixa levar e participa da infidelidade de suas autoridades.
A afirmação do v. 39: E apoderando-se dele, jogaram-no para fora da vinha e o mataram, é uma alusão ao que os líderes judaicos em breve farão com Jesus, será condenado, levado para fora dos muros de Jerusalém e ali crucificado.
Antes de concluir a parábola, Jesus cita dois versículos do Sl 118: vv. 23-23. A pedra angular pode ser a pedra mais importante de um alicerce, normalmente a que está na base de uma coluna ou parede, ou também a pedra no alto de um arco de uma porta ou janela. Em ambos os casos, é a pedra que sustenta toda a parede ou até mesmo toda a construção. Na releitura cristã deste salmo, a pedra principal é Jesus, o Messias Filho de Deus, vencedor do pecado e morte: ele é a pedra angular para vida do mundo, a casa comum, como nos recorda o Papa Francisco.
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