Em seu artigo semanal, Dom Rodolfo escreve sobre o Mês da Bíblia
Dom Rodolfo Luís Weber é arcebispo de Passo Fundo
“Lâmpada para meus passos é a tua palavra e luz no meu caminho” (Salmo 119, 105)
Deixemos que a Palavra de Deus se apresente, antes de nós falarmos dela. “E como a chuva e a neve que caem do céu para lá não voltam sem antes molhar a terra e fazê-la geminar e brotar... assim acontece com a minha palavra: Ela sai da minha boca e para mim não volta sem produzir seu resultado, sem fazer aquilo que planejei” (Is 55, 10-11). “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça”. (2Tm 3, 16). “Pois a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Julga os pensamentos e as intenções do coração” (Hb 4, 12).
No último domingo do mês de setembro a Igreja no Brasil celebra o “Dia Nacional da Bíblia”. Esta comemoração faz referência a São Jerônimo (342+420) tradutor e revisor da Bíblia para o latim. Existe a consciência de que a Palavra de Deus é um tesouro para construção do Reino de Deus. Tesouro que está ao alcance das mãos, mas que algumas vezes não é procurado, outras vezes ignorado que seja um tesouro, muitas vezes mal interpretado. Para se enriquecer com o tesouro é preciso fazer opções, planejar, tomar medidas, abrir mão de outros valores menores, como Jesus nos ensina nas parábolas.
Diante disso, a Igreja tem tomado várias iniciativas para dar à Sagrada Escritura o seu devido lugar e elas surgem de todos os lados. São iniciativas de leigos, de religiosos, padres, bispos e do papa. Individualmente as pessoas leem, estudam e rezam a partir da Palavra. Outros, se reúnem em grupos, são oferecidos inúmeros cursos até chegarmos aos documentos pontifícios como a Constituição Dogmática “Dei Verbum, sobre a revelação divina”, publicada em 18 de novembro de 1965; a Exortação Apostólica pós-sinodal “Verbum Domini”, do papa Bento XVI, publicada em 30 de setembro de 2010. Além das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019 que abraçaram esta causa como uma urgência, denominada: “Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral”.
O desejo é propiciar meios de aproximação das pessoas à Palavra de Deus, para conhecê-la e interpretá-la corretamente; entrar em comunhão com a Palavra de Deus por meio da oração; evangelizar e proclamá-la como fonte de vida em abundância. Num mundo onde existe um excesso de informações, vozes e ruídos é necessário escutar a voz de Cristo em meio a tantas outras vozes.
O tesouro da Bíblia não pode ficar restrito aos ambientes internos da Igreja, pois ela encerra valores antropológicos e filosóficos que influíram positivamente sobre a humanidade. Diante disso é importante favorecer o seu conhecimento entre os agentes culturais, mesmo nos ambientes secularizados e entre os não crentes, assim como nas escolas e universidades, sobretudo através da educação religiosa. Quando olhamos para o grande patrimônio cultural da humanidade, expresso em obras de arte, músicas, filmes, livros, folclore, leis percebe-se claramente nestas manifestações a inspiração bíblica.
Ocupamos a semana inteira com atividades pessoais, com a luta para o sustento, ouvimos falar de economia, política, violências, etc. faz-se necessário ouvir, ao menos um dia por semana a Palavra de Deus. “Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga, estavam fixos nele. .... maravilhados com as palavras cheias de graça que saíam de sua boa“ (Lucas 4, 20.22).
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
22 de setembro de 2017
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