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Sul e Sudeste são regiões onde mais cresceram conflitos no campo em 2014

por José Theodoro

Indígenas estão acampados em frente ao Congresso Nacional em Brasília

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta segunda-feira, 13, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília, a publicação "Conflitos no Campo Brasil 2014". O relatório reúne dados sobre conflitos e violência no campo e mapeou 36 assassinatos em 2014, dois a mais que em 2013, com aumento de 6 por cento.

Segundo a CPT, o perfil das vítimas, diferente de anos anteriores, em que se destacava entre os assassinados indígenas e quilombolas, passou a ser os sem-terra, 11 casos; assentados, 8; posseiros, 7 casos. O estado com maior número de assassinatos foi o Pará, com nove casos, seguido de Rondônia e Mato Grosso. De modo geral, de acordo com a CPT, a região nordeste foi a que apresentou o número mais elevado de conflitos com 418 casos, seguida do norte com 379.

A comissão chama atenção ainda para o crescimento do número de tentativas de assassinato, que apresentou o crescimento maior, de 273%, passando de 15 em 2013, para 56 em 2014. Analisando o índice de crescimento de conflitos e violência, as regiões sul e sudeste lideram. No sudeste 253 ocorrências em 2014, contra 162 em 2013, com aumento de 56 por cento. No sul do país, o aumento foi 91 por cento, passando de 56 para 107 ocorrência em 2014.

Entre os estados do sul, houve 43 conflitos no Rio Grande do Sul; 30 em Santa Catarina e 34 no Paraná. No sul e sudeste também aumentaram as invasões de terra ano passado, concentrando praticamente a metade dos casos de invasões e acampamentos do país, com 71 invasões no sudeste e 31 no sul.

Presente na apresentação do relatório, o presidente da CPT, Dom Enemésio Lazzaris, considera que o aumento dos conflitos no sudeste  e no sul ocorrem pela consolidação de um modelo que favorece o agronegócio e de modo geral, por causa da impunidade.

O relatório da Comissão Pastoral da Terra mostra também o crescimento dos conflitos pela água. Foram 38 em 2014, 26 em Minas Gerais. Quanto às ocorrências de trabalho escravo no campo, em número absolutos a região norte se destaca com 54 ocorrências, seguida do nordeste, com 28. Entretanto, o maior crescimento aparece novamente no sudeste e no sul, com 19 ocorrências no sudeste e 15 casos de trabalho escravo no sul.    

A partir desta terça-feira, 14, grupos indígenas estão reunidos a outras frentes de manifestação do campo, e estão acampados em frente ao Congresso Nacional. Maior reclamação dos povos indígenas é quanto à PEC que passa para o Congresso a decisão sobre a demarcação das terras indígenas.

Um dos líderes, Anástacio Peralta, da etnia Guarani kaiowá de Mato Grosso Sul, resumiu bem o enredo deste massacre com os indígenas no Brasil “cultura equivocada sobre a tradição e o perfil dos indígenas em um país onde a Funai obedece o ministro, o ministro a presidência da república, e a presidência, agora, obedece o congresso”, acusou.

Fonte: Roseli Rossi Lara, Rede Scalabriniana de Comunicação.

 

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