A quinta-feira, 15/06, foi marcada pela chegada de um ciclone extratropical próximo ao litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O fenômeno meteorológico é caracterizado por fortes tempestades e ventos – ocasionados por sistemas de baixa pressão atmosférica, diferenças de temperatura e massas de ar que têm origem em regiões não tropicais. O evento atmosférico provocou chuvas volumosas em cidades da região litorânea e metropolitana do RS. Foram registrados mais de 200 milímetros de chuva em alguns municípios. 

O ciclone extratropical persiste nesta sexta-feira, 16/06. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado de chuva pode superar os 100 milímetros (mm) em 24h, com ventos superiores a 100 km/h. A previsão é de que a chuva comece a diminuir à tarde. 

De acordo com a previsão de riscos geo-hidrológicos, emitida pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para esta sexta, há alta possibilidade de ocorrência de inundações e alagamentos urbanos nas regiões Metropolitana de Porto Alegre, Grande Florianópolis, Vale do Itajaí, Sul Catarinense e Norte Catarinense. A possibilidade é moderada no Nordeste Gaúcho e Serra Catarinense. 

A região Metropolitana de Porto Alegre também tem possibilidade muito alta de deslizamentos. Os acumulados de chuva registrados associados à precipitação intensa podem “atingir valores extremamente críticos e deflagrar deslizamentos generalizados, principalmente nas áreas mais suscetíveis na Serra Gaúcha”, informa o boletim. Ainda há risco de deslizamentos e fluxos de detritos em áreas abaixo de encostas naturais de grande amplitude da região.  

Nordeste e centro riograndense, bem como sul catarinense tem alta possibilidade de movimentos de massa devido à chuva já registrada. Já no centro-leste de Santa Catarina e região centro-oriental do RS a possibilidade de deslizamentos é moderada. 

60 mil sem energia 

Ao longo da quinta-feira, a chuva se concentrou na Grande Porto Alegre, litoral norte e serra gaúcha. Os acumulados de chuva superaram os 100 mm em muitas áreas, se aproximando e até superando a média histórica para junho que varia de 140 mm a 180 mm, segundo cálculos do Inmet para o período de 1991 a 2022.  

Na capital, são cerca de 20 pontos de vias com o trânsito prejudicado devido a alagamentos e quedas de árvores. O registro é da RBSTV e foi atualizado por volta das 4h desta sexta-feira. Há pelo menos 60 mil pontos sem energia elétrica no Estado, de acordo com Rio Grande Energia (RGE) e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). 

Os volumes de chuva acumulados entre quinta e a madrugada desta sexta, conforme medição do Cemaden, foram:  

1. Maquiné (RS): 254,6 mm 
2. Bom Princípio (RS): 208,6 mm 
3. São Leopoldo (RS): 195,4 mm 
4. Gravataí (RS): 189,6 mm 
5. Alto Feliz (RS): 183,8 mm 
6. Sapucaia do Sul (RS): 173,6 mm 
7. São Sebastião do Caí (RS): 172 mm 
8. Três Forquilhas (RS): 160,6 mm 
9. Sapucaia do Sul (RS): 159,5 mm 
10. Teutônia (RS): 153,6 mm 
11. Nova Santa Rita (RS): 150,8 mm 
12. Porto Alegre/Cristal (RS): 115,4 mm 
13. Porto Alegre/São João (RS): 110,1 mm 
14. Campo Bom (RS): 168,2 mm 
15. Torres (RS): 102,6 mm 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, as maiores rajadas de vento foram em: 

1. Tramandaí (RS): 102 km/h 
2. Bom Jardim da Serra/Morro da Igreja (SC): 83 km/h 
3. Laguna/Farol de Santa Marta (SC): 83 km/h 
4. São José dos Ausentes (RS): 76 km/h 
5. Porto Alegre/Jardim Botânico (RS): 71 km/h 

Suspensão de rodovias e ensino 

O governador Eduardo Leite informou que equipes da Defesa Civil, dos Bombeiros e da Brigada Militar estão mobilizadas para dar apoio às comunidades mais afetadas pelas chuvas que atingem o estado. Ele declarou que está acompanhando a situação junto às forças de segurança estaduais. 

Entre as diversas ocorrências atendidas pelos Bombeiros, destaca-se um chamado por volta das 5h30 da manhã desta sexta para salvamento de uma vítima à deriva em um rio na cidade de Santo Antônio da Patrulha. Até às 05h30 desta sexta, a Polícia Rodoviária Federal do RS registrou seis pontos de interdição em rodovias federais nas cidades de Carlos Barbosa, Salvador do Sul, Guaíba, Sapucaia do Sul e Morro Reuter. 

Algumas cidades precisaram suspender as aulas em instituições municipais de ensino. Foi o caso de Capão da Canoa e Três Coroas.