Redes sociais: intolerância nas redes tem se multiplicado de forma preocupante
“Precisamos usar o mecanismo tecnológico para agregar conhecimento e não para espalhar o preconceito”
As plataformas digitais atualmente são os meios de comunicação mais utilizados. E esse uso frequente de celulares, computadores e outros meios eletrônicos tem gerado grande acesso as redes sociais. As redes sociais para a comunicação em suma são muito positivas, mas podem se tornar ferramentas de propagação de intolerância e preconceito se não forem utilizadas se maneira correta e consciente.
O que mais se vê atualmente nas redes sociais são manifestações onde não se discute só a problemática, mas sim, acaba se tendo uma série de opiniões pessoais, muitas vezes carregadas de preconceitos. De acordo com a Professora de comunicação e psicologia, Maria Goreti Betencout, o maior problema das redes sociais é a pulverização imediata do que é divulgado.
“No momento que eu disponibilizo uma opinião preconceituosa e ela pulveriza na rede, por exemplo, se acaba gerando um impacto muito maior. O problema que vemos é que as opiniões são pessoalizadas, muitas vezes em relação a um sentimento pessoal que a pessoa tem em relação a determinado assunto e esse é o grande perigo. As pessoas muitas vezes não tem conhecimento ou tem um conhecimento superficial do tema e expõem a opinião sem pensar no impacto que pode causar”, explica.
Diante disso, alguns assuntos geram polêmicas e um desrespeito entre os usuários da rede. “As pessoas normalmente dizem que isso acontece porque há hoje muito discurso de ódio. Esse discurso não é de hoje. Esse discurso faz parte do componente humano, mas o que a gente vê muito atualmente é a pulverização desses discursos. Por exemplo, uma pessoa que tem alguma dificuldade em relação a alguma classe social ou indivíduo, ela vai achar parceiros que pensam da mesma forma e que vão avalizar aquilo e isso acaba criando um bloco muito maior, muito mais perigoso”, avalia Maria Goreti.
Mas essa interatividade nas redes sociais está chamando atenção e tem servido como base de análise de perfil para muitas empresas na hora da contratação de funcionários. As empresas tem levado muito em conta a questão não somente da habilidade técnica, mas também a habilidade emocional dos futuros funcionários, por isso uma educação digital garantiria usuários mais conscientes. “Eu acho que falta uma educação digital. Acho que se precisaria levar para as escolas, pros processos de educação uma forma de se lidar com esse mundo digital, que é um mundo que está presente na vida das pessoas cotidianamente. As pessoas não sabem lidar com isso. Elas usam o meio digital como se estivessem falando com um companheiro do lado sem se dar conta das consequências”, acredita Maria Goreti.
A questão é que todo mundo tem opinião própria, e tem direito de expor essa opinião, desde que não ultrapasse os limites de respeito diante do outro usuário. “O problema maior é que as pessoas emitem uma opinião muito simplista, sem raciocinar muito. E tem uma distância muito grande daquilo que as pessoas pensam e o fato verdadeiro, salienta a professora.
Mas essa questão pode ser trabalhada com “bom censo” e assim as redes sociais podem servir como agregadoras de conhecimento. “A melhor alternativa é não se expor demais. Se poupem mais, se preservem mais. É melhor caminho não só como auto proteção, mas como proteção dos que estão envolta. As pessoas tem o direito de emitir opinião, mas com cuidado e sem ferir o espaço do outro. Pensem mais antes de falar, antes de escrever. Precisamos usar o mecanismo tecnológico para agregar conhecimento, que hoje é o que menos as pessoas fazem”, orienta a professora.
“Se você acha que pessoalmente você não falaria aquilo que você está escrevendo na sua rede social, então não escreva”, finaliza.
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