Exposição Desconforto será lançada na Casa da Cultura nesta quinta
Baixar ÁudioMostra conta com cerca de 150 trabalhos produzidos por alunos da Escola Anchieta
Angústias, ansiedades, decepções. Apesar de tentarmos fingir que ele não existe, o desconforto está presente em muitos momentos de nossas vidas. É pensando nesses momentos que as turmas de terceira série da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Anchieta, junto da professora Geisi Decarli, desenvolveram a Exposição Desconforto.
“É um projeto novo”, conta a professora, que também é integrante da Cia Teatral Caravana da Ilusão. “Ela traz uma carga um pouco mais densa, mas é um projeto que envolveu muito os alunos, está envolvendo a escola e a gente quer culminar ele com uma exposição de artes.”
Geisi explica que a principal inspiração na criação das obras da mostra foi a artista mexicana Frida Kahlo. Segundo ela, a artista trabalhava com suas dores e angústias para compor suas obras, assim, com base nos estudos dessas características, utilizou-se o estilo surrealista para fazer esses trabalhos. “Como dar forma a uma dor que mora dentro da gente? Esse foi o desafio.”
A Exposição Desconforto abre nesta quinta-feira, 07/07, no átrio da Casa da Cultura. A mostra inicia às 19h30 com pinturas de sete turmas de terceira série. Serão mostrados em torno de 150 trabalhos.
A exposição deve permanecer na Casa da Cultura até segunda-feira, 11/07, devido à programação de aniversário do espaço.
Expondo desconfortos
Aluna da Turma 303 da EEEM Anchieta e criadora de um dos trabalhos que será exposto, Evllyn Giovana Trentini conta que a experiência foi desafiadora. “É difícil a gente reconhecer aquilo que não é bom, aquilo que é desconfortável dentro da gente, mas é uma oportunidade maravilhosa de expressar.”
“A gente conseguiu representar algo que é muito singular, algo que é muito pessoal, o que nós sentimos”, conta Evllyn. “É uma abertura ao desconforto, a gente propõe isso: se abrir a algo desconfortável, aceitar que nem sempre a vida vai ser algo bom em si e permitir que os alunos possam expressar da melhor forma o que eles realmente sentem.”
A estudante conta um pouco do que buscou trazer para o seu trabalho. “Na minha tela eu representei uma pessoa que ela possui muitas visões – visões de várias pessoas, às vezes, nem sempre só dela –, mas a cabeça dela é vazia, ela tem a mente vazia. É como se ela perdesse a identidade, conforme o tempo fosse passando, e as pessoas fossem tocando ela, fossem passando as visões para ela e ela não tivesse essa liberdade.”
O sentimento parece ser de outros alunos também. “É meio geral, quando a gente conversa, que todo mundo conseguiu se enxergar. Parece que foi um resultado bom para todo mundo, todo mundo conseguiu se ver nas telas de uma forma muito mais sincera, muito mais singular.”
Além de Desconforto
Além da exposição das pinturas, a abertura da Desconforto deve contar com outras duas grandes atrações. A primeira delas é uma série de apresentações musicais – também realizadas pelos alunos. São aguardadas pelo menos cinco apresentações musicais a partir das 20h.
Ainda integra a programação do evento uma conversa com o psicólogo Felipe Zanin e o artista plástico Giovano Durante sobre arte e saúde mental. Os dois profissionais são ex-alunos do colégio e voltam para abordar a temática com os atuais estudantes.
Segundo Geisi, a roda de conversa servirá para trabalhar as dores e desconfortos expostos pelos alunos. “Como eu sou professora e não sou da área da saúde, não me cabe falar com eles e tratar esses temas em sala de aula. Então a exposição tem essa intenção também, de trabalhar com os alunos a inteligência emocional.”
Para ouvir a entrevista com Evllyn Giovana Trentini e Geisi Decarli, clique em 'ouvir notícia'. O botão com acesso para o áudio está localizado acima da foto.
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