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Interesses financeiros e políticos, as motivações por trás de uma fake news

Baixar Áudio por Taliane Radaelli

Em meio a uma catástrofe climática, jornalistas e autoridades precisam desmentir informações que circulam online

Tema cada vez mais frequente socialmente, em especial no mundo online, as Fake News estão novamente presentes em um acontecimento extremo: as enchentes no Rio Grande do Sul. Desde o início dos trabalhos de mitigação dos impactos causados pela tragédia climática, jornalistas, veículos de comunicação e autoridades têm se empenhado no combate à desinformação.

Para entender melhor esse fenômeno, a emissora conversou com a professora do curso de jornalismo da Universidade de Passo Fundo (UPF), Maria Joana Chaise, uma das coordenadoras do projeto de extensão “Desinformação e Leitura Crítica da Mídia”. A entrevista na íntegra está disponível no player de áudio desta matéria. 

De acordo com Maria Joana, os produtores de Fake News utilizam de algumas estratégias para que a desinformação se torne crível, uma delas, é o “viés de verdade”, ou seja, a “utilização de um rastro de algo real para chamar a atenção das pessoas”, explica ela. 

Um exemplo disso, é a falsa  informação de que caminhões com doações estariam sendo barrados por falta de nota fiscal ou excesso de peso. A informação correta é que, dos 8 mil caminhões que chegaram ao Estado, apenas 6 foram multados por excesso de peso, multas essas aplicadas nos primeiros dias da catástrofe e que posteriormente foram retiradas. 

Qual a motivação?

Em primeiro lugar, explica Maria Joana, é preciso entender a diferença entre quem cria e quem compartilha a desinformação. Pessoas que fazem o compartilhamento, em sua maioria, acreditam que o conteúdo seja verídico e têm a intenção de levar  informação aos demais. Por outro lado, quem cria a Fake News pode ter motivações políticas e principalmente financeiras. “Não é nem do ponto de vista político apenas, a desinformação é muito vantajosa financeiramente, ela dá muito dinheiro porque hoje o funcionamento das nossas redes sociais fortalece essa polarização, com likes, com cliques, com compartilhamentos e isso dá muito dinheiro pra quem coloca esse conteúdo no ar”, acrescenta Maria Joana. 

Ainda, é necessário entender que a desinformação não é um fenômeno novo, mas sim, intensificado pelas redes sociais. Além da questão financeira, o processo de polarização também se fortalece nesse contexto, acarretando na falta de diálogo e extremismo. Nesse caso, os meios políticos são os beneficiados, “fake news não é só uma informação falsa que circulou porque alguém não apurou direito aquela informação. A Fake News é uma manipulação, as pessoas têm interesses e elas constroem narrativas que vão beneficiar alguém em detrimento de outro”, acrescenta ela. 

 O que fazer?

Embora hajam ensaios legislativos e discussões acerca do tema, em especial com o PL 2630, ainda não há uma lei que trate sobre a desinformação de forma aprofundada e que apresente uma solução efetiva. No entanto, é possível trabalhar com conscientização da população. Maria Joana reforça algumas possíveis formas de identificar uma notícia falsa e não contribuir com a disseminação da desinformação. Seguem algumas dicas: 

-Não compartilhar publicações que não apresentem fontes oficiais e confiáveis; 

-Se questionar: eu sei quem está falando? Esse site é confiável? É um site da minha região? É uma rádio que eu escuto? Um jornal que acompanho? 

-Procurar a informação em sites de rádio, televisão e jornais conhecidos; 

-Procurar a informação em agências de checagem, que trabalham unicamente para desmentir notícias falsas e trazer esclarecimento aos seus leitores. Alguns exemplos são: Lupa, Aos Fatos e Projeto Comprova

A entrevista completa com a professora do curso de jornalismo da UPF e coordenadora do projeto “Desinformação e Leitura Crítica da Mídia”, Maria Joana Chaise, está disponível no player de áudio da matéria. 

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