Dia do Conselheiro Tutelar: o que dizem os representantes do Conselho em Marau
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Nesta sexta-feira, 18/11, é comemorado o Dia do Conselheiro Tutelar. Como forma de entender quem são as pessoas por trás dessa instituição que visa defender os direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, a Tua Rádio Alvorada conversou com alguns dos representantes do Conselho Tutelar em Marau.
No município, o colegiado é composto por Cleomar Giolo, Elisa Regina Orsatto Posser, Neulfanes Bertoncelo Girardi, Rocheli Beatriz Zanin e Valderose Piccinini Orsatto. O grupo opera junto à Esquina Paz e Bem, localizada entre a Avenida Barão do Rio Branco e a Rua Lauro Ricieri Bortolon. O contato com o Conselho pode ser realizado por meio do fone 3342-4390 ou pelo número de plantão 24h (54) 9-9621-6748.
Quem explica a essência do trabalho é o conselheiro Cleomar Giolo, oito anos à frente do cargo. “É um trabalho que se faz de forma silenciosa”, explica, complementando que “se protege não só o direito humano da criança e do adolescente, mas também se protege o nome das famílias”.
O trabalho do Conselho é realizado com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), legislação criada em 1990 para impor deveres e direitos sobre os menores de 18 anos. Segundo Cleomar, o código “é uma lei que ainda não caiu no entendimento popular”, o que dificulta a atuação do conselheiro.
Essa complicação ganha detalhes na voz da também conselheira Rocheli Beatriz Zanin, há 11 anos no cargo. Segundo ela, os profissionais trabalham com o direito humano violado, mas nem sempre são respeitados. “Muitas vezes o nosso direito enquanto conselheiro, enquanto pessoa humana, nós estamos sendo, dia a dia, violados por aqueles que deveriam nos proteger, por aqueles que deveriam estar do nosso lado, nos ajudar, nos acolher”, comenta, explicando ainda que, no Conselho, se está “sempre trabalhando à mercê de alguma coisa, assim, não muito bacana”.
Saúde mental
O constante trabalho com situações complicadas envolvendo crianças e adolescentes acaba gerando um certo estresse emocional nas pessoas que atuam como conselheiras. A coordenadora do Conselho em Marau, Neulfanes Girardi, explica que, contudo, não existe um auxílio psicológico especializado para os profissionais.
“Muitas vezes chega até nós casos bem gravíssimos e que realmente mexem com o nosso emocional”, explica a coordenadora. Ela complementa dizendo que é o conselheiro ou conselheira quem acaba tendo que lidar com as situações.
“A gente tem que ser forte para saber separar o que é trabalho e chegar em casa e continuar a vida normal. Porque, muitas vezes, o que acontece aqui, você não consegue desligar até não resolver o problema. Você não consegue.”
Principais demandas
À Tua Rádio, Rocheli contou quais são as principais motivações das pessoas quando buscam o Conselho Tutelar. “Somos procurados por causa das visitas, aquelas visitas em que um [responsável] não quer entregar para o outro”, explica sobre aquela que parece ser a principal causa dos contatos.
A lista segue com casos envolvendo separação de casais. “A questão do processo, como pensão alimentícia, como guarda, então a gente orienta como fazer quem procurar.”
Outra área com muita demanda é a saúde, principalmente, pós-pandemia. “As crianças e os adolescentes têm sentido muito a saúde mental”, explica Rocheli.
Limites do Conselho
Os conselheiros alegam que a instituição está sempre aberta a auxiliar, mas que não realiza a parte jurídica dos problemas relatados. “O Conselho tem um limite”, explica Neulfanes.
A coordenadora ainda ressalta que essas questões passam, justamente, pelo Sistema Judiciário. “Após nossa parte feita, depende do judiciário e que, muitas vezes, a gente sabe que demora um pouquinho também.”
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