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Caso Bernardo: Todos os réus condenados

por Camila Agostini

Os condenados não poderão recorrer em liberdade da decisão

Foto: Divulgação

Depois de cinco dias de intenso trabalho no Salão do Júri da Comarca de Três Passos, encerrou nesta sexta-feira, 15/03, o julgamento dos quatro réus responsabilizados pela morte de Bernardo Boldrini. O assassinato do menino, à época com 11 anos, ocorreu em abril de 2014, em decorrência de envenenamento pelo sedativo Midazolan. O corpo foi localizado dez dias depois, em uma cova, no interior de Frederico Westphalen. No dia seguinte, Graciele, Leandro e Edelvânia foram presos. Em maio do mesmo ano, Evandro, irmã de Edelvânia, também foi preso. O pai, a madrasta e a amiga foram denunciados por homicídio quadruplamente qualificado. Os três, bem como Evandro foram denunciados, também, por ocultação de cadáver. Leandro respondeu, ainda, por falsidade ideológica.

Os trabalhos do Tribunal do Júri tiveram início na segunda-feira,11/03 e foram transmitidos, em tempo real, pelo Youtube. O julgamento foi presidido pela juíza Sucilene Engler e, na acusação, esteve à frente dos trabalhos o promotor de Justiça Bruno Bonamente, nomeado para assumir, nos próximos dias, a promotoria de Marau. Nas defesas, atuaram os advogados Ezequiel Vetoretti (Leandro), Vanderlei Pompeo de Mattos (Graciele), Jean de Menezes Severo (Edelvânia) e Hélio Francisco Sauer (Evandro).

Dezoito testemunhas prestaram depoimentos - cinco arroladas pela acusação, nove pela defesa de Leandro Boldrini (três delas dispensadas) e quatro pela defesa de Graciele Ugulini.

Os quatro  réus foram condenados. Com o Salão do júri lotado a Juiza fez a leitura da sentença:

Leandro Boldrini foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão, sendo 30 anos e 8 meses por homicídio, 2 anos por ocultação de cadáver e 1 ano por falsidade ideológica.

Graciele Ugulini, madrasta de Bernado, foi condenada a 34 anos e 7 meses de prisão, sendo: 32 anos e 8 meses por homicídio e 1 ano e 11 meses por ocultação de cadáver.

Edelvânia Wirganovicz foi condenada a 22 anos e 10 meses de reclusão, dos quais, 21 anos e 4 meses pelo homicídio e 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver.

Para Evandro Wirganovicz, a pena total fixada foi de 9 anos e 6 meses, sendo 8 anos por homicídio simples e 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. Preso desde maio de 2014, ele irá cumprir o restante da pena em regime semiaberto.

Os demais condenados, não poderão apelar em liberdade.

 

Denúncia 

Para o Ministério Público, Leandro Boldrini foi o mentor intelectual do crime. Ele e a companheira Graciele Ugulini não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dela,  Odilaine  (falecida em 2010), e o consideravam um estorvo para o novo núcleo familiar. O casal  ofereceu dinheiro para Edelvania Wirganovicz ajudar a executar o crime.

Bernardo, não sabendo do plano, aceitou ir, em 4 de abril de 2014, até Frederico Westphalen com  a madrasta para ser submetido a uma benzedeira. O menino acabou morto por uma superdosagem de Midazolan, medicação de uso controlado. Seu corpo foi enterrado na cova vertical, aberta por Evandro Wirganovicz.

Depois de matar e enterrar o filho, para que ninguém descobrisse o crime, Leandro Boldrini fez um falso registro policial do desparecimento de Bernardo.

Atuaram na acusação os Promotores de Justiça Bruno Bonamente, Ederson Vieira e Sílvia Jappe.

Defesa

Leandro Boldrini negou participação no assassinato do filho e acusou a ex-companheira e a amiga dela de planejarem a execução. O médico admitiu ser um pai ausente, por conta da dedicação ao trabalho.

Graciele assumiu a culpa, mas sem a intenção de matar. Disse que levou Bernardo à Frederico Westphalen naquela tarde e que, no caminho  o menino ficou agitado e precisou ser medicado.  Como ele continuou em surto, a madrasta, que estava dirigindo,  mandou que Bernardo ingerisse mais remédio  (Midazolan).

Quando se encontraram com Edelvania, o menino estaria desacordado e sem pulso. As duas entraram em desespero e a Assistente Social tentou levá-lo ao hospital, mas a madrasta não deixou. 

A versão de Edelvania é de que foi coagida e ameaçada por Graciele. A madrasta, por sua vez, alega que a convenceu "em nome da amizade delas". Foi Edelvania quem indicou o local onde Bernardo seria enterrado, próximo à casa da mãe dela.

O carro de Evandro foi visto nas proximidades no mesmo dia em que as duas teriam comprado as ferramentas para cavar o buraco e adquirido o Midazolan com receita assinada por Leandro Boldrini. Evandro alega que estava de férias pescando no local.

Foram ouvidas 15 testemunhas,  que ficaram incomunicáveis até o fim dos seus depoimentos.

Transmissão ao vivo

Pela primeira vez na história do Judiciário gaúcho,  um Júri foi transmitido ao vivo. Só no primeiro dia de  julgamento,  o site do TJRS alcançou 800 mil acessos. O link no YouTube obteve 94 mil acessos. Mais de uma dezena de países acompanharam a transmissão.

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