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Evento aborda mercado do trigo no Brasil e no mundo e manejo racional de fertilizantes

por Ana Lúcia Jacomini

O Seminário Técnico do Trigo 2022 é considerado o maior evento técnico de trigo da América Latina

A safra de trigo de 2022 representa mais uma oportunidade de o Brasil seguir ampliando a área e produção do cereal. E quando observamos o contexto do trigo no mundo, o próximo ciclo ganha ainda mais importância para o país. Com o conflito na Ucrânia, incertezas são geradas sobre as exportações e preço do cereal no mundo. E os efeitos já estão gerando consequências diretas para o Brasil, como um dos principais importadores mundiais de trigo.

O contexto do trigo no mundo e as repercussões no mercado brasileiro foram alguns dos assuntos discutidos no Seminário Técnico do Trigo 2022, realizado nessa quarta-feira, 27/04, em Passo Fundo. O evento, promovido pela Biotrigo Genética, contou com a presença de mais de 650 pessoas, entre técnicos, cooperativas, cerealistas, moinhos, multiplicadores de sementes e triticultores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O gerente de relacionamentos da hEDGEpoint Global Markets, Roberto Sandoli Junior, explicou em sua palestra que grande parte do trigo que o Brasil compra vem da Argentina. “Como a Argentina disputa os mesmos mercados que a Rússia e Ucrânia, quando os preços desses países sobem, os da Argentina acompanham esse movimento. Consequentemente, o trigo importado chega muito mais caro nos portos brasileiros”.

Neste cenário, Roberto crê em uma perspectiva de aumento de área de trigo no Brasil na próxima safra. “Acredito que os moinhos vão dar preferência ao trigo nacional, ainda mais se tiver um trigo de qualidade, que atenda a demanda industrial dos moinhos. A perspectiva é que os preços continuem firmes e que realmente seja rentável para o produtor”, destacou.

Apesar da expectativa por uma boa remuneração nesta safra de trigo, o custo de produção também conta com preços elevados, sobretudo em relação aos fertilizantes. Desta forma, as próximas safras de inverno e verão irão exigir uma maior capacidade do agricultor em realizar um manejo racional dos insumos, visando otimizar ao máximo os gastos com fertilizantes na lavoura. Esse tema, que ganha ainda mais evidência no agronegócio, foi abordado durante o seminário pelo professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestre e doutor em Ciência do Solo, Telmo Amado.

Para evitar grandes oscilações nas lavouras de trigo ao longo das safras, uma nova ferramenta surge como aliada do produtor brasileiro. São os mixes de cultivares de trigo voltados para a produção de grãos, que consistem na mistura entre duas ou mais cultivares do cereal. No maior estado produtor do grão nos Estados Unidos, o Kansas, a tecnologia já é consolidada desde os anos 2000. Outro material que estará disponível ao agricultor no próximo ano é uma cultivar que promete mudar os padrões de produtividade para seu ciclo. TBIO Calibre, cultivar superprecoce, teve seus resultados e posicionamento apresentados durante o seminário.

Para o gerente comercial regional sul da Biotrigo, Tiago De Pauli, Calibre traz equilíbrio e produtividade como seus principais pilares. “A cultivar chega para trazer novos patamares de produtividade dentro desse ciclo. Ela oferece, ainda, uma excelente sanidade, o que vai facilitar bastante o manejo do agricultor”, apontou Tiago. Segundo De Pauli, desde as primeiras análises de resultados de rendimento, Calibre chamou a atenção do grupo de melhoristas por seu conjunto agronômico. “É importante que técnicos e agricultores conheçam essa ferramenta e suas características, para melhor explorar a capacidade genética de TBIO Calibre”, indicou.

Quando o assunto é a mudança de patamar em produtividade no trigo, os produtores podem se lembrar de TBIO Toruk, lançamento de 2014, que rapidamente se tornou uma das cultivares mais semeadas do Brasil, liderando esse posto durante diversas safras. Oito anos depois, o seminário apresentou uma evolução dessa cultivar, TBIO Motriz. Conforme o diretor e melhorista da Biotrigo, André Cunha Rosa, Motriz se assemelha muito a Toruk, mas apresentando avanços significativos.

O evento ainda trouxe outro lançamento que será multiplicado no próximo ano. TBIO Capaz, cultivar branqueadora, atende às demandas de um importante mercado, que recentemente vem recuperando os diferenciais de preço esperados para esse nicho. “É um material com excelente teto produtivo, principalmente quando comparado a outras cultivares branqueadoras”, destacou o gerente de melhoramento da Biotrigo e um dos palestrantes do evento, Ernandes Manfroi. Para ele, a cultivar se diferencia por entregar uma farinha de excelente qualidade e manter ótimos níveis de rendimento e segurança no campo.

O controle de uma importante doença também foi uma temática abordada no Seminário Técnico do Trigo, com o painel ‘Resultados de pesquisa no manejo de giberela e DON’, apresentado pelo fitopatologista da Biotrigo, Paulo Kuhnem. Um dos temas de maior importância para o produtor de trigo do Sul do país é a giberela. A doença é causada por um fungo, que produz a micotoxina deoxinivalenol (DON). Ele, por sua vez, traz impactos na qualidade do trigo. 

A escolha da cultivar com bom nível de resistência à doença é um dos principais passos a serem tomados para o melhor controle da micotoxina. Mas, para Paulo, esse não é o único. “Esse desafio só será superado quando trabalharmos com estratégias conjuntas de controle e transferência de tecnologia para o campo. Então, não basta a adoção de somente uma estratégia, como apenas a cultivar, fungicida ou beneficiamento”, conclui.

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