No Dia Mundial do Frango, produtores alertam para a alta no custo dos insumos
Setor pede informação antecipada de exportações, assim como ocorre em outros grandes produtores de grãos
Foto: Reprodução/ABPA
Avicultores de todo o mundo comemoram nesta segunda-feira, 10/05, o Dia Mundial do Frango, uma data estabelecida pelo Conselho Mundial da Avicultura (IPC, sigla em inglês) com o objetivo de celebrar o papel social desse setor produtivo — responsável pela proteína animal mais consumida atualmente em todo o planeta. E a data tem importância especial para o Brasil, que é o terceiro maior produtor e líder absoluto nas exportações de carne de frango.
Apesar da referência positiva, a data marca um dos momentos mais desafiadores para a sustentabilidade econômica setorial. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), diversos polos de produção enfrentam altas históricas nos custos, principalmente com aumento nos preços do milho e da soja — insumos que compõem 70% dos custos do setor.
O Índice de Custo de Produção (ICP), calculado pela Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa Concórdia, acumula alta de 43,43% nos últimos 12 meses. Conforme levantamentos do CEPEA, a variação anual de abril em diversas praças ultrapassa 115% no caso de milho, e se aproxima de 60% no caso do farelo de soja. Somados a isso, a cadeia segue investindo em equipamentos e protocolos de segurança para os colaboradores em meio ao quadro pandêmico.
No entanto, o repasse ao consumidor não seguiu o mesmo ritmo, de acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin. “Se por um lado, vemos os custos de grãos dobrarem de valor no comparativo anual de diversas praças; por outro, as altas nos preços dos alimentos na gôndola não acompanham o mesmo ritmo. Por isso, é inevitável que novos acréscimos cheguem à mesa dos consumidores nos próximos meses”, explica.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo já apresenta altas acumuladas nos preços do frango inteiro e nos cortes. Entretanto, não são suficientes e tendem a aumentar, conforme explica o presidente da ABPA. Para Ricardo Santin, o cenário de crise econômica convocou o setor produtivo para garantir e incrementar a oferta de alimentos.
“Solicitamos e fomos incluídos pelo Governo Federal entre as atividades essenciais, pois entendemos nosso papel neste contexto de crise. Exatamente por isso, temos pedido apoio ao Governo para reduzir os efeitos do quadro perverso de forte especulação que o país enfrenta, com oferta de insumos disponíveis, mas preços que impactam diretamente a inflação e a capacidade de compra do consumidor. Isto, justamente em meio à uma das mais fortes crises econômicas e sociais contemporâneas”, avalia.
Entre as medidas solicitadas pela ABPA, está a informação antecipada de contratos de exportação feitos de forma oficial pelo Governo Brasileiro. A medida, explica Santin, não se relaciona com controle de exportações e, sim, com transparência em um mercado que carece de informações que melhorem o planejamento industrial. “O que buscamos é o estabelecimento de uma fonte oficial idônea, como a Conab ou outro órgão no âmbito do Ministério da Agricultura, que permita às empresas brasileiras o acesso a essas informações, assim como ocorre em outras grandes nações exportadoras, como é o caso dos EUA", avalia.
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