Perdão mais uma vez
Incansável na escada da ressignificação seguia; caía e se erguia. Inquilino do abandono, gestava a acolhida das suas inquietações.
Perdoar. Perdoar-se. Isso remetia-o a uma nova maneira de ser.
Carecia de um colo, de compreensão e de não se sentir tão sozinho.
Em tempos remotos, queria ter feito mais bem do que mal, mas acabou fazendo mais mal do que bem; pelo seu olhar, era como entendia agora.
Naquele tempo tinha uma visão fragmentada, enxergava do seu jeito e separava o bem e o mal em potes devidamente selecionados de acordo com como tinha aprendido e pelo que alcançava até agora dessa compreensão.
A concepção que adquirira do que era bom não condizia com o olhar do outro. Compreendia isso agora e o perdão estranhamente nascia.
Entendia também de uma maneira diferente, e deixava para trás o muro de lamentações junto ao qual por tanto tempo se encolheu.
Perdoar-se deu lugar a erguer-se e uma vez mais direcionar a vida que perto de si via passar e que de dentro de si queria saltar.
Conforme evoluía mais tranquilo se via, enxergava-se agora humano, falível, propenso a erros, mas que constantemente buscava ser melhor.
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