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Nomes significativos

Miguel Debiasi

Os filhos são uma bênção para a família. Em tempos idos compreendiam que quanto maior o número de filhos, mais abundantes eram as bênçãos. Isto não deixa de ter sua verdade. Porém, hoje pensa-se diferente. As famílias são menores. Até dão nomes nada comuns aos filhos. Contudo, escolher o nome dos filhos é um desafio, e tem um significado positivo.

            Geralmente escolhem-se os nomes das pessoas sem conferir o seu significado. Todavia, quando o filho cresce busca conhecer o significado do próprio nome. Para alguns a descoberta não apresenta algo muito positivo, por vezes ficam constrangidos. Houve um tempo em que escolhiam o nome de atores e atrizes de cinema, de novelas e de artistas e jogadores famosos. Hoje isto parece ter ficado fora de moda para os pais. A razão é compreensível, pois atores, atrizes, artistas e jogadores são efêmeros, passageiros. Logo adiante são esquecidos. Atualmente a tendência é por nomes mais tradicionais, comuns, bem conhecidos. Por nomes que tenham aceitação comunitária. Então, dar nomes aos filhos parece uma tarefa muito fácil. Mas, na realidade, selecionar os nomes é algo que exige discernimento.

O filósofo da linguagem, o austríaco Wittgenstein (1889-1951), em suas obras Tractatus Logico-Philosophicus e Investigações Filosóficas, trata da importância das palavras e dos nomes dados às coisas. Diferente de Platão, filósofo grego que interpretava as palavras como nomes próprios. Isto é, cada nome corresponde a um objeto. Para Wittgenstein o nome tem uma relação com as coisas. Já em Platão os nomes nomeariam uma coisa, uma definição, simples ou composta. Todavia para Wittgenstein nomear vai além de uma simples definição. A linguagem é uma atividade humana situada cultural e historicamente. Com exemplo, os jovens usam termos próprios em seu grupo, mas fora dele pouco significa para os outros. O significado de termos como “maneiro”, “massa”, “sangue bom”, “moral” depende do lugar onde se vive. Então, a linguagem é vida para Wittgenstein. Em contrário, seria difícil a comunicação entre as pessoas.

            Portanto, os nomes não são apenas uma definição dos objetos, das coisas, das pessoas. A própria criança aprende a falar quando começa a elucidar o significado daquela palavra. Isto é, aprende a fazer uso da linguagem em uma determinada etapa de vida. Logo, os nomes são uma linguagem sempre ligada a uma vida determinada, contextualizada. Em tempos idos os pais escolhiam nomes de santos para seus filhos. Isto pode significar uma práxis familiar, a relação com a comunidade e o contexto social de uma época. Os pais ao escolherem nomes de santos acreditavam ser mais fácil educar os filhos para o sentido da vida. Então, escolher nomes para os bebês sempre é um desafio quando se pensa num significado positivo para a pessoa e para a comunidade.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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