Escondi de mim
Escondi de mim mesma, para não mostrar e para não querer ver, nem sentir. Por talvez estar ali encoberto em mim. Para não segurar próxima o que me causa desalento, estranheza... Permanecia assim, num lugar oculto, levando a dores e lamentos inomináveis...
Quantas e quantas vezes escondemos de nós mesmos coisas difíceis de lidar? Diria tantas e tantas que ficam sem se pronunciar presas dentro de nós. E que muitas vezes não temos ciência que elas existem... Estão num lugar que não nos permitimos enxergar...
Olhar para as coisas, pessoas e situações, que nos magoaram, que nos causam dor, não é tão simples assim... Às vezes é mais fácil momentaneamente não querer ver, não parar para pensar, deixar naquele canto escuro. Assim fica indigerível ...
Embora não querendo ou não conseguindo lidar com aquela situação, pessoa ou acontecimento, segue dentro de nós. Nos acompanha nos infinitos lugares e estares por onde andemos. Assim o gosto amargo se reflete de maneira distorcida na nossa vida.
Não se resolve, não se acalma, apenas segue ligado a nós, até estarmos prontos para ver, escutar e principalmente dar um novo sentido para tudo que foi vivido...
Sim, existem situações difíceis, falas desestabilizadoras, imagens desorganizadoras... Vivemos tudo isso. No entanto o que nos individualiza é se promovemos a escuta e lidamos com essas angústias... Olhemos para tudo isso... Eu não vou mais esconder de mim... E você?
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