Durante muito tempo eu andava de pés descalços pela vida, sem proteção e ingênua nesse olhar segui... vi muitas pessoas seguindo outros caminhos de outros jeitos que eu não compreendia. Isso causava em mim uma dor imensa de não conseguir enxergar aquele trajeto como ele se mostrava para as outras pessoas; por olhares diferentes, por estilos diversos. Ele se construía no dia a dia da renovação de cada um.   

Assim andamos todos nós, lado a lado no caminho da existência, descalço ou não, na beira do mar da vida seguimos nos passos dos nossos olhares. Cada um no seu tempo, no seu momento, com os recursos próprios, mas no mesmo caminhar.

A distância diminuiu... o passo se acertou, a sincronia começa a ser recuperada no passar ali, lado a lado, mas cada um respeitando seu jeito de caminhar, torto, esquisito, alongado, inteiro, límpido... Que sensação boa, verdadeira, de liberdade, estar ali, guardando no peito seus sentimentos e diferenciando pensamentos, mas seguindo do seu jeito e respeitando-se.

Eu, de pés descalços, deixava-me banhar pelas ondas que me invadiam e para longe seguiam... limpando minhas estruturas, meus alicerces e meus pensamentos. Como gostava de sentir a areia se mover sob meus pés e a água invadir e limpar tudo que pudesse ali passar.

Como é inteiro esse momento e esse breve caminhar. Que ele se estenda para a vida e nos mostre a beleza das individualidades de um andar, seguindo no mesmo caminho de formas tão diferentes.