Cuidar da relação
Naquele momento era a terceira vez que lhe dizia, de maneira diferente, que ela era, sim, importante - para mim, para o outro, para o processo da vida que se organizava nela e a partir dela.
A princípio ela não compreendia muito bem e me olhava de forma estranha, mas na terceira vez que ouviu minhas palavras foi diferente. Naquela vez, seus olhos brilharam e seu rosto expressou emoção; enfim tinha se visto como peça importante, como alguém de valor. E eu, enfim, soube por onde começar a cuidar “do nós” daquela relação.
Em algum momento ela teria que olhar para si e para o sentimento de menos-valia e de não importância que carregava. Esses sentimentos impregnados e que a acompanhavam pela vida afora, precisavam ser revistos com amor e transformados.
Ela ansiava por descobrir seu valor, e aquele era o momento para isso. Conforme ia compreendendo e revivendo difíceis recordações que a tinham remetido para aquele jeito de se sentir, ia se libertando, ficando mais inteira, mais alegre, mais leve. Deixava o peso do não reconhecimento alicerçado de outrora numa outra dimensão, agora acolhendo-o e ressignificando-o dentro de si.
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