Em determinado momento, olhando para a dor que invadia ali bem pertinho de mim - do meu lado, me questionei: como acolher a dor do próximo sem invadi-lo?

Esse sofrimento era tão próximo a mim, que chegava a ecoar em meu íntimo. Mas não era meu, mesmo estando ao meu lado. Sentir a dor do outro, não me dava o direito de entrar nela, interpretá-la ou tudo que julgasse necessário realizar. Respeitá-lo era o mais importante a fazer...

Sim, percebi pessoas tentando acolher dificuldades e invadir intimidades... vidas em aberto na poção não desejada, na parte que optavam por manter escondida, ali junto de si, para ser reelaborada...  Assim, se tornava exposta, quando o desejo era mantê-la oculta.

Talvez por enxergar essa invasão, me colocava mais no meu lugar. Afinal, a vida chama constantemente pelo nosso equilíbrio.  Estabilidade de ideias, pensamentos e sentimentos... essa mesma harmonia que as pessoas buscam incessantemente, que não se mede, mas que precisam desenvolver e utilizar conosco e com os outros...

Vivia num tempo em que a sociedade invadia achando tudo compreender, ou deixava no escuro o que não conseguia cuidar. Permanecia em extremos. Em ambos, querendo ter o controle, e mostrar tudo ilusoriamente saber. Nesse mesmo tempo em que emergem desajustes psíquicos e emocionais, muitas pessoas são envolvidas em atrapalhações sem igual...

Tenho acompanhado/visto muitos adultos perdidos, lidando com coisas de gente grande...e é nesse exato momento que precisamos olhar para o outro, como se ele fosse nós e discernir como acolher sem invadi-lo?